AUTORIDADE ESPIRITUAL
David W. Dyer
PREFÁCIO
No deserto, os filhos de
Israel foram confrontados com um problema. Surgiu, entre eles, uma questão
sobre quem deveria estar em liderança. Além de Moisés e Arão, havia outros
homens na congregação que eram bem conhecidos e considerados líderes. Entre
eles estavam Datã e Abirão, que reuniram outros 250 para desafiar a liderança
dos ungidos de Deus. Eles estavam lutando por posições de autoridade e
reconhecimento entre o povo de Deus. Falaremos mais tarde, no capítulo 2,
acerca do julgamento de Deus sobre estes rebeldes, mas aqui a nossa
consideração é diferente.
Imediatamente após este
confronto relativo à autoridade de Deus ter sido resolvido, Nosso Senhor sentiu
que era necessário ensinar a Seu povo uma lição sobrenatural. Ele sabia que
Seus filhos, no futuro, também precisariam ser capazes de reconhecer a
autoridade espiritual. Eles iriam necessitar de uma base pela qual poderiam
julgar que tipo de autoridade era simplesmente humana e qual era verdadeiramente
divina. Já que a autoridade terrena pode ser comovente com todo o seu charme e
possibilidades, talvez nós também possamos nos beneficiar da ilustração
sobrenatural de Deus.
O que Deus fez foi isto: Ele
instruiu Moisés a tomar um cajado de cada um dos líderes da congregação. Esta
vara era um símbolo de liderança e autoridade. Essa coleção de varas, entre as
quais aquela de Arão, foi colocada no tabernáculo durante a noite. Pela manhã,
algo sobrenatural havia ocorrido. A vara de Arão tinha mudado de três maneiras.
Ela havia brotado, florescido e dado frutos – tudo ao mesmo tempo! Isto é
realmente incrível.Você já viu um galho de uma árvore ter botões, flores e
frutos simultaneamente? As outras varas permaneceram como eram – velhas, duras
e secas. Mas a vara daquele que estava manifestando autoridade divina
tornou-se completamente diferente.
Esta ilustração ainda fala
conosco hoje. A autoridade humana e a autoridade verdadeiramente divina tem,
cada uma, um distinto sabor espiritual. Cada uma tem características
individuais que podemos identificar. A autoridade terrena é dura e seca. Ela
exige direitos sobre nós, mas não dá satisfação. É exercida pela força humana e
impingida com medidas terrenas. Assim como uma vara velha e seca poderia ser
usada para bater ou golpear um animal desobediente, assim também a autoridade
humana controla os outros através do uso da poder, coerção, exigências ou força
superior, seja física ou psicológica. Hoje, por exemplo, entre os grupos
cristãos esta autoridade é freqüentemente escondida através da aceitação ou
rejeição do grupo. O líder manipula a opinião do grupo que, então, serve como
um tipo de vara para disciplinar o desobediente.
A verdadeira autoridade
espiritual, por outro lado, tem um sabor inteiramente diferente! Ninguém nunca
pensaria em bater em alguém com um galho cheio de flores e frutos. Alguma coisa
a mais está focalizada aqui. Para começar, os botões falam de algo novo, macio
e fresco, algo que está vivo. Assim, vemos que a autoridade espiritual está
viva e que é cheia da vida divina. As flores nos falam de algo cheiroso, algo
com o doce perfume do caráter de Cristo. E os frutos nos falam de algo
nutritivo, não de exigência, mas de satisfação. Estas são as características da
verdadeira liderança e autoridade espiritual. Aqueles que a estão exercendo
exibirão estas qualidades: eles estarão cheios da vida de Deus, vivendo em
comunhão íntima com Ele. Eles terão o aroma doce de Cristo porque tiveram o
caráter Dele saturando suas vidas, tendo suas próprias habilidades naturais e
autoridade quebradas por Sua mão. Finalmente, eles serão uma fonte de alimento
e satisfação ao invés de exigência seca, já que eles próprios estão firmemente
ligados à videira celestial.
Aqui, irmãos e irmãs, está o
verdadeiro teste de toda e qualquer autoridade na Igreja cristã. Quais
características ela mostra? Que sabor e aroma ela tem? Verdadeiramente
estas coisas são espiritualmente discernidas e não podem ser compreendidas pelo
homem natural. Mas isto não nega a realidade dela. Cada um de nós é requerido
por Deus a se submeter à Sua autoridade. Portanto, é necessário que cada um de
nós seja capaz de discernir e decidir o que vem verdadeiramente Dele, e o que é
apenas a vara do homem. Em cada lugar e em cada grupo há aqueles que estão declarando
ter ou estar com a verdadeira autoridade. Possa Deus nos dar graça para que
possamos discernir o sabor do que é genuinamente Dele. Possa Deus também usar
este livro para ajudar o Seu povo em todo este importante empreendimento.
DAVID W. DYER
1. DOIS TIPOS DE AUTORIDADE
Iniciando nossa discussão
sobre este tema tão importante, primeiramente precisamos afirmar que Deus é a
fonte de toda a autoridade. Ele detém o poder supremo. Ele é Aquele que está
sentado no trono do universo e é Ele quem tem completo controle sobre todas as
coisas. Consequentemente, podemos deduzir que qualquer outra autoridade que
exista no universo foi estabelecida por Ele ou, pelo menos, só existe com a Sua
permissão. Sem o Seu consentimento, não seria possível a sobrevivência de
qualquer outra autoridade. Entretanto, não importa onde encontremos
autoridade neste mundo de hoje (seja ela boa ou má), sabemos que é algo que
provém legalmente de Deus. Isto é exatamente o que as Escrituras ensinam.
Governos humanos, Forças Armadas, juízes, etc., são instituições que são
estabelecidas por Deus para inibir as forças do mal neste mundo (Rom 13:1-7).
O tipo de autoridade que
governos e outros administradores terrestres possuem é chamada “Autoridade
Delegada.” Como já vimos, Deus é o detentor da autoridade suprema, mas Ele
escolheu “delegar” ou “dar” esta autoridade a outros indivíduos que
supostamente agirão como Seus representantes. Uma vez que Deus dá esta
autoridade, ela então pertence á pessoa á qual foi dada. Embora sejam responsáveis
perante Deus pelo uso desta autoridade, ela é deles para ser exercida como lhes
aprouver. Na realidade, eles se tornam a autoridade. Autoridades delegadas
podem exercer corretamente seu poder ou podem fazer mau uso dele. Podem ser
bons governantes que decidem o que é do melhor interesse de Deus e daqueles
sobre os quais eles governam, ou podem ser maus e se utilizarem desta
autoridade em beneficio próprio e em prejuízo de outros. Independente do modo
como a usam, aqueles que estão no poder são autoridades delegadas por Deus.
Mas a autoridade delegada não
é o único tipo de autoridade revelada na Bíblia. Existe uma outra variedade de
autoridade que nos é apresentada, a qual, embora também se origine em Deus, é
bastante diferente. Para esclarecer, creio que este tipo de autoridade pode ser
considerado como “Autoridade Transmitida.” Esta autoridade não pertence à
pessoa que a está exercendo. Não é algo que lhe é “dado” para usar segundo suas
próprias inclinações. Ao invés disto, a autoridade transmitida é exercida
simplesmente pela transmissão da autoridade de Deus.
As pessoas envolvidas neste
caso são somente vasos, instrumentos através dos quais a autoridade Divina
flui. Elas não possuem sua “própria” autoridade, mas apenas estão atendendo às
orientações do Altíssimo. Quando Deus fala a elas referindo-se a outros,
então elas falam. Quando Ele conduz as pessoas a tomar determinada atitude,
então elas se movem. Mas elas nunca se atribuem esta autoridade. Não importa
quão frequentemente elas sejam usadas por Deus para transmitir Sua autoridade,
elas nunca se tornam esta autoridade.
Moisés é um exemplo de alguém
que exerceu esta autoridade “transmitida” por Deus. Ele não estava guiando os
filhos de Israel de acordo com suas próprias idéias ou direções. Ele não estava
expressando a si próprio. À medida em que se lê no Antigo Testamento sobre como
ele retirou os Israelitas da escravidão, fica bem claro que ele se movia
e falava de acordo com instruções sobrenaturais. Cada passo dado, cada
lei e cada ordem, todo detalhe do tabernáculo, tudo foi executado conforme
direção espiritual. Ele não tomou posição ao exercer a autoridade conferida a
ele. Ele não estava formulando seus próprios planos, nem tomando suas próprias
decisões. Ao contrário, ele apenas permitia que Deus o usasse para transmitir
Sua autoridade ao povo. Quando a autoridade de Moisés foi desafiada por Coré e
sua gente, ele resumiu sua posição desta forma: “Através disto saberão que o
Senhor me enviou para realizar todas estas obras, pois eu não as realizei por
minha própria vontade” (Num 16:28).
Nosso Senhor Jesus Cristo foi o supremo exemplo de tal autoridade espiritual transmitida. Ele não veio para fazer Sua própria vontade mas, em vez disso, submeteu-se à vontade do Pai (João 14: 10). Quando Jesus expulsou demônios, Ele revelou a autoridade do Pai. Quando Ele amaldiçoou a figueira, foi a voz do Pai que foi ouvida (Mateus 21: 19). Quando Ele repreendeu o vento e as ondas, foi a autoridade do Pai que foi demonstrada (Lucas 8:24). Cada aspecto do Seu viver era a manifestação do Deus invisível. Mesmo estando qualificado para fazê-lo, Ele nunca exerceu Sua própria autoridade mas, em vez disso, permitiu que Seu Pai fluísse através Dele.
Nosso Senhor Jesus Cristo foi o supremo exemplo de tal autoridade espiritual transmitida. Ele não veio para fazer Sua própria vontade mas, em vez disso, submeteu-se à vontade do Pai (João 14: 10). Quando Jesus expulsou demônios, Ele revelou a autoridade do Pai. Quando Ele amaldiçoou a figueira, foi a voz do Pai que foi ouvida (Mateus 21: 19). Quando Ele repreendeu o vento e as ondas, foi a autoridade do Pai que foi demonstrada (Lucas 8:24). Cada aspecto do Seu viver era a manifestação do Deus invisível. Mesmo estando qualificado para fazê-lo, Ele nunca exerceu Sua própria autoridade mas, em vez disso, permitiu que Seu Pai fluísse através Dele.
Então nós vemos que há dois
diferentes tipos de autoridade presentes no mundo hoje. Uma é terrena, do tipo
humana – uma autoridade delegada – que é exercida pelo homem, acatada pelo
homem e reconhecida por aqueles que vivem nesta Terra. Esta autoridade é
inevitavelmente acompanhada por adereços superficiais que ajudam a raça caída a
identificar essas autoridades. Posições, títulos, uniformes e muitas outras
manifestações exteriores servem para identificar aqueles que têm autoridade
delegada. Este tipo de autoridade está sempre procurando o reconhecimento de
outros homens; de fato ela necessita desse reconhecimento para funcionar. É uma
autoridade natural e secular que foi planejada por Deus para atrair a natureza
caída do homem. É algo que Deus instituiu, que opera de acordo com a moda deste
mundo para governar as pessoas do mundo.
A outra espécie de autoridade
é a espiritual. É o tipo transmitido. É através desta autoridade que Deus
planeja governar Seu povo. Neste tipo de autoridade, a pessoa envolvida é
simplesmente um canal através do qual a liderança de Deus flui. Ela não precisa
de qualquer título ou honraria para reforçar o que diz. Ela não está
tentando impressionar os outros para que a obedeçam. Sua posição é a de alguém
submisso a Deus. Consequentemente, a palavra de Deus flui dele para os
outros. Deste modo, a verdadeira autoridade de Jesus é revelada em Sua Igreja.
O primeiro tipo de autoridade
foi ordenado por Deus para governar o mundo; o segundo tipo, espiritual, para
governar Seu povo, Sua Igreja. Essa é uma diferença muito importante. Cada uma
das autoridades é válida, mas tem sua própria esfera. Infelizmente, os crentes
hoje frequentemente confundem esses dois tipos de autoridade. Alguns nem mesmo
estão cientes de que exista tal distinção. Consequentemente, muitas vezes
tentam usar a autoridade humana para construir a Igreja. Eles tentam, usando
métodos humanos, trazer a ordenança Divina para o corpo de Cristo. Entretanto,
simplesmente não funcionará.
AUTORIDADE NA IGREJA
Há, certamente, necessidade
de autoridade na Igreja. Não há dúvida de que Deus usa os homens para
serem ambos, líderes e exemplos para outros e para atraí-los para um
relacionamento com Cristo. Mas que tipo de autoridade deveria ser essa? É uma
autoridade que é derivada de uma “posição” na Assembléia? Ela vem de uma
indicação para ser ancião, ministro, diácono ou algo similar? Um título ou um
“cargo” qualifica um homem para liderar o povo de Deus? Essa responsabilidade é
conferida a alguém por outros homens que também possuem algum título, educação
ou posição? Vem por algum tipo de voto de confiança dado pela maioria? Ou esta
honra é colocada sobre alguém pela virtude de ser a personalidade mais forte do
grupo? Certamente não! Todos esses são apenas métodos terrenos que servem só
para impedir os propósitos de Deus e levar as pessoas á escravidão.
Como vimos, a genuína
autoridade espiritual emana do próprio Deus. Aqueles que exercem tal autoridade
são vasos preparados que transmitem os pensamentos e desejos de Deus para o Seu
povo. É este tipo de autoridade que deveríamos estar exercendo na Igreja hoje.
Precisamos desesperadamente de homens que falem quando Deus fala com eles, que
liderem de acordo com Sua direção e que manifestem Suas revelações. A grande
necessidade atual não é daqueles que foram treinados, eleitos ou indicados para
posições de autoridade, mas daqueles que são íntimos de Deus e através dos
quais Ele pode transmitir livremente Sua vontade.
A genuína autoridade
espiritual não vem por uma indicação para uma “posição” ou “diaconato”. Embora
certos homens tenham adquirido no Novo Testamento rótulos como “ancião”,
“diácono” ou “apóstolo”, a autoridade deles não veio por causa de alguma
“posição”. A verdade é exatamente o contrário. Tais designações vieram como
resultado do profundo trabalho espiritual que Deus fez interiormente neles.
Elas eram uma maneira de descrever suas funções especiais no corpo. Em alguma
área específica Deus preparou esses homens para serem canais de Sua autoridade.
Esses nomes foram usados para identificar essas áreas de serviço, não para
qualificá-los para elas.
Sim, a Bíblia diz que os
Apóstolos “ordenaram” presbíteros em cada Igreja (Atos 14:23). Mas o que este
termo realmente significa? W. E. Vine, em seu Dicionário Expositor das Palavras
do Novo Testamento, diz o seguinte: “não se trata de uma ordenação eclesiástica
formal, mas a escolha, para o reconhecimento das Igrejas, daqueles que já
tinham sido levantados e qualificados pelo Santo Espírito e dado evidência
disso em suas vidas e em suas obras.” Você vê que os Apóstolos não estavam
arbitrariamente selecionando homens que preenchessem certas qualificações ou
que, talvez, estivessem mais desejosos de prosseguir com a programação deles ou
que, possivelmente, tivessem muito dinheiro ou influência na comunidade. Ao
contrário, com olhos espirituais, eles estavam indicando, para benefício
daqueles que não podiam ver tão claramente, aqueles que Deus havia selecionado
e preparado para usar como Seus vasos.
Um dano incalculável tem sido
causado ao povo de Deus por meio da má interpretação deste princípio. Muito
frequentemente, homens são indicados por outros homens para uma “posição” com o
pensamento que algum tipo de autoridade é necessário na Igreja. Tremendo
prejuízo e perda tem sido experimentados pelo povo de Deus através dessa
prática. Quando nós estabelecemos na Igreja de Deus a autoridade delegada,
terrena, nós estamos oferecendo uma substituição para a verdadeira.
Quando nós elegemos ou indicamos homens de acordo com a razão ou a percepção
humana, nós estabelecemos uma variedade de autoridade que é estranha ao plano
de Deus e que será só um impedimento para Sua perfeita vontade.
A razão para isto é que, não
importa o quão fiel às Escrituras isto seja, a autoridade hierárquica nunca
pode produzir resultados espirituais. Nada que se origine no nível terreno pode
chegar aos desígnios de Deus. A Bíblia é bem clara: “A carne para nada
aproveita” (João 6:63). A autoridade humana nunca pode transmitir o poder
necessário para transformar vidas humanas. Ela não pode atingir o interior de
uma pessoa e tocar em seu coração. O melhor que toda autoridade delegada pode
produzir é um tipo de arranjo terreno que se aproxima do trabalho do Espírito.
Isto não apenas não efetua algo de valor eterno, mas rouba aos crentes a
oportunidade de experimentar a realidade de Cristo.
Por favor, não compreendam
mal isto: esforços humanos movidos pela autoridade natural podem ser capazes de
realizar coisas notáveis no mundo religioso. Campanhas de “reavivamento,”
acionamento de membros, levantamento de fundos e projetos de construção, podem
todos ser executados por forte liderança humana. Mas, lembremo-nos que
“sucesso” não é a medida para nossas realizações espirituais. Não importa quão
grandiosos ou impressionantes nossos trabalhos possam parecer, se eles tiverem
sido construídos com substâncias erradas – elementos terrenos em vez de
sobrenaturais – eles serão destruídos no dia do julgamento.
HOMENS NATURAIS DESEJAM UM REI
Por alguma estranha razão, os
Filhos de Deus frequentemente não estão satisfeitos com o plano de Deus. Muitos
têm um desejo diferente em seus corações. Eles desejam uma autoridade
humana, palpável. Eles anseiam por alguém que possam ver, ouvir e sentir.
Sentem-se muito mais confortáveis com algo natural. Saibam eles ou não, o
que procuram é um tipo de rei, assim como os Filhos de Israel fizeram tantos
anos atrás. Sentindo-se insatisfeitos com sua autoridade espiritual, eles
vieram a Samuel e insistiram para que ele estabelecesse um rei terreno para
eles (1ª. Sam. 8:5-20).
Talvez possamos identificar algumas razões para este desejo enigmático. Antes de mais nada, ter um rei iria desobrigá-los da responsabilidade pessoal de procurar Deus por eles mesmos. Agora seu “líder” poderia fazer isso por eles. Além disso, ele poderia arcar com toda a responsabilidade, cuidar de todos os problemas, decidir sobre todas as direções que eles deveriam tomar e lutar as batalhas deles. Tudo o que eles precisariam fazer seria sentar e aproveitar a jornada.
Talvez possamos identificar algumas razões para este desejo enigmático. Antes de mais nada, ter um rei iria desobrigá-los da responsabilidade pessoal de procurar Deus por eles mesmos. Agora seu “líder” poderia fazer isso por eles. Além disso, ele poderia arcar com toda a responsabilidade, cuidar de todos os problemas, decidir sobre todas as direções que eles deveriam tomar e lutar as batalhas deles. Tudo o que eles precisariam fazer seria sentar e aproveitar a jornada.
Quando Samuel ouviu este
pedido, ficou muito irado. Ele sabia quais eram as intenções de Deus e
compreendia que Deus o estava usando para transmitir liderança Divina ao povo.
Samuel se afligiu porque a nação que Deus havia escolhido como Sua, iria para o
caminho errado. Entretanto, o Senhor lembrou-o que ele não tinha sido o único a
ser rejeitado. O povo não estava abandonando um homem, mas estava recusando a
soberania de Deus em suas vidas (1ª. Sam. 8:7-8).
É uma evidência do grande
amor de Deus pelos homens e de Sua graça abundante, o fato Dele não ter
desamparado os Israelitas, mesmo quando eles O estavam abandonando. Ele os
deixou seguir seu próprio caminho, mas primeiro explicou-lhes que o seu pedido
seria ruim para eles. A autoridade humana, terrena, iria ferí-los de três
maneiras : 1) Iria tirar deles seus filhos e filhas, 2) Iria requerer uma
porção de suas propriedades e, 3) Iria trazê-los a uma escravidão da qual Deus
não os libertaria (2ª.. Samuel 8:9-18). Ele permitiu que eles seguissem seu
próprio caminho porque percebeu que seus corações já O haviam abandonado. Mas está
bem claro que este não era o Seu desejo.
UMA MENSAGEM PARA HOJE
Vamos nos dar conta de que
todos estes exemplos do Velho Testamento não são apenas histórias
interessantes. Na verdade eles foram registrados com uma intenção específica:
para que pudéssemos perceber neles verdades espirituais. Assim como era naquela
época, hoje também nós temos escolhas a fazer no que se refere à autoridade.
Claro que, como habitantes desse mundo, nós devemos nos submeter às autoridades
terrenas (1ª. Pedro 2:13). Com referência à nossa interação com o mundo, está
bem claro que a autoridade delegada se aplica a nós. Mas, com respeito à nossa
participação na Igreja, essas duas variações de liderança estão também
presentes–autoridade humana e autoridade espiritual. Um tipo de autoridade é
estabelecido pelo homem e fortalecido por todos os sustentáculos comuns como
títulos, posições e vestimentas. O outro tipo é estabelecido por Deus e é
confirmado pelo Seu Espírito. No corpo de Cristo nós temos uma escolha. Por um
lado, podemos aprender a reconhecer a autoridade de Deus e a nos submeter a
ela, quando Ele nos fala pessoalmente ou quando Sua vontade está sendo
transmitida através de Seus vasos escolhidos. Por outro lado, podemos nos
sujeitar a algum tipo de autoridade humana, delegada, que é estabelecida e
reconhecida pelo homem. Temos diante de nós os dois caminhos o terreno e
o celestial.
É verdade que Deus permitiu a
Seu povo seguir seu próprio caminho e indicou um rei para ele. Mesmo que Ele
não quisesse isto, Ele continuou a trabalhar tanto quanto possível através
deste sistema errado para trazer Seu povo a uma intimidade com Ele. Da mesma
forma hoje Ele tolera nosso comportamento desobediente quando estabelecemos
para nós mesmos uma autoridade terrena na Sua Igreja. Em Sua abundante
misericórdia e graça, Ele trabalha mesmo em meio a nossos “sistemas reais” o
tanto quanto Ele pode, para cumprir Seus propósitos. Mas esta não é a Sua
perfeita vontade e isto nunca pode realizar Seus mais sublimes desejos.
Em vez disso, a Bíblia deixa bem claro que estabelecer tal autoridade é uma
rejeição da Sua própria e um grave erro.
As três conseqüências deste
erro que Samuel tão claramente predisse, são as seguintes :
1) Rouba às pessoas os seus
frutos espirituais (filhos e filhas). A autoridade humana paralisa o
corpo de Cristo pela colocação de suas próprias orientações e planos no lugar
do Espírito Santo. Embora esta autoridade possa ser bem intencionada e possa
mesmo ter muitos programas, tais como “metas evangelísticas,” o poder tremendo
do Evangelho é diminuído quando a substituição for feita. Um resultado
desfavorável é que os cristãos tendem naturalmente a olhar para a autoridade
humana em busca de direção e aprovação, em vez de estar sendo continuamente
dirigidos por sua verdadeira Cabeça. Consequentemente, aqueles que estão sob
este tipo de autoridade hesitam em iniciar algo por eles mesmos, com receio de
que isto seja visto como um desafio à posição do líder. Com o passar do tempo,
tornam-se incapazes de serem dirigidos pelo Espírito Santo. Isto rouba poder
espiritual dos cristãos. Conforme a intimidade real com a verdadeira Autoridade
é substituída por algo humano e fraco, o fruto que produz em cada faceta da
vida espiritual é constrito.
2) A autoridade humana
demanda o dinheiro das pessoas (suas posses). Está fora de questão que a
importância de qualquer posição terrena é julgada pela sua esfera de influência
e por sua extravagância. Quanto mais pessoas um líder tem sob sua autoridade,
mais importante ele é. Quanto maior o território que ele governa, maior
prestígio ele tem. Usualmente, acompanhando esta elevação perante os olhos
humanos, estão roupas extravagantes, meios de transporte mais caros e moradias
mais luxuosas. Na Igreja de hoje não é diferente. Quase invariavelmente,
conforme cresce a influência de um líder, cresce também o desejo dele de
conseguir lugares de encontro que sejam maiores e mais impressionantes, um
guarda-roupa mais condizente com sua posição e, em geral, um aumento de
salário. Isto inevitavelmente custa dinheiro e este dinheiro vem daqueles que
se colocaram sob a influência desta autoridade terrena.
Pare um momento e compare
isto com o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não tinha lugar para
apoiar Sua cabeça e, provavelmente, também não tinha uma muda de roupas. Ele
nunca construiu palácios ou templos. Constantemente recusava qualquer
posição de autoridade terrena. Seu pagamento era o que o Pai movia os outros a
lhe darem. Como fica o que estamos fazendo, comparando com isto?
É verdade que as Escrituras nos exortam a dar nosso dinheiro para o obra e para os obreiros de Deus. Mas, se usarmos nossas rendas para sustentar autoridades e esforços simplesmente humanos, não seremos recompensados. Quando o fogo de Deus descer, tudo que tiver sido construído de materiais naturais (madeira, feno e palha) será consumido e nosso dinheiro tão dificilmente ganho desaparecerá com eles na fumaça. Por outro lado, se formos cuidadosos para investir nosso dinheiro em coisas que são verdadeiramente espirituais, nosso investimento produzirá frutos para a eternidade. Quando nós usamos nossas finanças para sustentar trabalhos e líderes verdadeiramente espirituais, jamais perderemos nossa recompensa.
É verdade que as Escrituras nos exortam a dar nosso dinheiro para o obra e para os obreiros de Deus. Mas, se usarmos nossas rendas para sustentar autoridades e esforços simplesmente humanos, não seremos recompensados. Quando o fogo de Deus descer, tudo que tiver sido construído de materiais naturais (madeira, feno e palha) será consumido e nosso dinheiro tão dificilmente ganho desaparecerá com eles na fumaça. Por outro lado, se formos cuidadosos para investir nosso dinheiro em coisas que são verdadeiramente espirituais, nosso investimento produzirá frutos para a eternidade. Quando nós usamos nossas finanças para sustentar trabalhos e líderes verdadeiramente espirituais, jamais perderemos nossa recompensa.
3) A autoridade não
espiritual leva o povo de Deus a ser escravo da vontade humana, usando seu
tempo, energia e talentos para construir uma organização terrena em vez de um
corpo espiritual. A autoridade natural, com todos os seus planos e programas,
necessita de pessoas para fazer o trabalho. Então, quando você se coloca sob
tal autoridade, você passa a permitir que a usem como um instrumento para tais
empenhos. Além disso, na mesma proporção que você se submete a ter sua vida
governada por autoridade humana, você exclui a autoridade do Espírito. Você não
pode servir a dois senhores. É inevitável que surgirá um conflito entre os
dois. Seu Mestre Celestial deseja dirigir cada aspecto de sua existência e
qualquer outra autoridade só irá ser competitiva e frustrante. Quando
você escolhe a maneira terrena, como os Israelitas fizeram, você se torna um
escravo da vontade e dos caprichos humanos, em vez de experimentar a verdadeira
liberdade da submissão a Deus.
Esta é uma escravidão da qual
Deus não vai nos libertar (1ª. Samuel 8:18). Deus nunca violará nossa vontade.
Quando escolhemos algo, Ele não irá nos forçar a mudar de decisão. Ele pode
trabalhar de muitas maneiras diferentes para nos fazer ver nosso erro. Nós
podemos descobrir nossa percepção de Sua presença em nossa vida abatida.
Podemos começar a achar que problemas que pareciam pequenos quando estávamos
caminhando em intimidade com Jesus, agora parecem insuperáveis. Ele pode mesmo
permitir que nos tornemos miseráveis no caminho que escolhemos. Mas, quando nós
voluntariamente nos sujeitamos à autoridade humana, Ele não nos livrará dela.
Nossa única alternativa é reverter a escolha. Devemos exercitar nossa própria
vontade e escolher nos afastar de qualquer autoridade na Igreja que seja uma
substituição de Sua própria autoridade.
Isto pode ser uma surpresa
para muitas pessoas mas é, apesar disso, verdade. Quando nós nos submetemos à
autoridade terrena, nós realmente nos colocamos debaixo de uma maldição. A
Escritura diz: “Maldito é o homem que confia no homem e faz da carne a sua
força, cujo coração se aparta do Senhor. Porque ele será como o arbusto
solitário no deserto e não verá quando lhe vier o bem; antes morará nos lugares
secos do deserto, na terra salgada e inabitável” (Jeremias 17:5 e 6).
Note que confiar no homem e afastar-se de Deus estão ligados. Quando você olha para
seres humanos, você não pode evitar de tirar os olhos de Deus. Um outro verso
nos adverte : “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem
não há salvação. Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia
perecem todos os seus desígnios.” E continua : “Bem aventurado aquele que tem o
Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor Seu Deus (Salmo
146:3-5).
Pela discussão precedente,
deve estar evidente que há dois tipos básicos de autoridade no mundo hoje. Há o
tipo superficial, terreno, chamado “autoridade delegada,” que Deus usa para
exercer algum controle sobre aqueles que não o conhecem e nem o seguem. E há a
“autoridade espiritual,” transmitida, que sempre foi a escolhida por Deus para
governar Seu povo. Uma é para o mundo, a outra é para o que hoje é chamada Sua
Igreja. Uma funciona, de certa forma, independente de Deus, enquanto que a
outra, não. De fato, nem sequer pode funcionar, a não ser que Deus esteja
falando ou se movendo.
TEMOS QUE ESCOLHER
Hoje, na Igreja de Cristo,
estes dois tipos de autoridade estão sendo exercidos. Portanto, como membros da
Igreja, cada um de nós é confrontado com uma escolha importante. Se nós nos
submetemos ao tipo humano, hierárquico, esta autoridade impedirá e
eventualmente substituirá o tipo espiritual. Se, pelo contrário, nós nos
rendemos á autoridade celestial, esta irá inevitavelmente entrar em conflito
com a terrena. Como já vimos, esta decisão é extremamente importante. De fato,
é crucial. Se escolhemos caminhar pelo caminho amplo e fácil, sem dúvida
encontraremos muita companhia e poderemos mesmo gozar de um bom grau de
popularidade, mas os efeitos sobre os quais Deus tão claramente nos advertiu,
virão sobre nós. Se, por outro lado, escolhemos o caminho mais difícil e mais
estreito, sem dúvida haverá tempos em que nos encontraremos sozinhos e,
querendo ou não, estaremos enredados no conflito entre estes dois tipos de
autoridade.
Os primeiros apóstolos e, de
fato, a próprio Jesus, encontram-se neste tipo de situação. Embora não a
tivessem procurado, eles encontraram oposição contínua daqueles que ocupavam
“posições” na organização religiosa estabelecida em seus dias. As autoridades
tradicionais viram uma coisa muito claramente: se eles permitissem que esta
manifestação da autoridade espiritual seguisse incontrolada, ela eventualmente
substituiria a sua própria. De algum modo, eles foram capazes de reconhecer que
ela era, em essência, um tipo superior de autoridade que estava destinada a
suplantar seu tipo inferior, humano. Seus corações não estavam em sintonia como
coração de Deus e, então, eles lutaram para manter o seu “lugar”, do qual eles
tanto gostavam (João 11:48). No processo eles fizeram tudo o que podiam para
suprimir a autoridade mais alta. Finalmente, quando já haviam exaurido todas as
outras opções, eles se reuniram para matar os representantes de Deus.
Como é fácil para nós querer evitar aborrecimentos!
Certamente a nossa tendência
natural é simplesmente prosseguir com o “status quo” e “ser como qualquer
outro” (2ª. Samuel 8:5). Todavia não estamos em nenhuma posição diferente de
nossos antecessores ou de Nosso Senhor. Se nós queremos verdadeiramente seguir
a Jesus, Seus conflitos se tornarão nossos. Então, de novo, teremos essas duas
escolhas. Nós podemos preservar nossa paz e felicidade pessoal ou prepara-nos
para compartilhar dos sofrimentos de Cristo. Nós podemos submeter-nos ao homem
ou humilharmo-nos sob a mão poderosa de Deus (2ª. Pedro 5:6).
Infelizmente, a escolha
diante de nós não é sempre entre o preto e o branco. Na Igreja hoje há,
frequentemente, uma mistura destes dois tipos de autoridade. Alguns homens que
possuem certa dose de autoridade espiritual, têm permitido que outros homens os
coloquem em posições terrenas. Outros, possivelmente, terão mesmo buscado essas
posições por si mesmos. Isto, então, coloca estes líderes em uma situação na
qual eles podem exercer, e provavelmente exercem, ambos os tipos de autoridade.
Muitas vezes estes próprios líderes são incapazes de distinguir entre estes
dois tipos de autoridade. Eles não foram ensinados ou não são maduros o
suficiente para compreender as implicações de exercer cada tipo.
Portanto, cabe a cada indivíduo saber, de acordo com a revelação do Espírito
Santo, a que direções e liderança ele (ou ela) deverá se submeter e quais
deverão ser recusadas.
Nesta decisão extremamente
importante, temos que ser muito cuidadosos. Há dois modos pelos quais podemos
nos enganar seriamente. Por um lado, a rebelião carnal contra a autoridade
terrena não agrada a Deus. Quando nós discernimos que a autoridade natural está
sendo substituída pela de Deus na Igreja, se a nossa reação a isso não for
caracterizada por brandura, humildade a amor, ela não é a resposta do Espírito.
Quando manifestamos ódio ou ira, isso não realiza o trabalho de Deus. Nós não
podemos permitir que nossa carne reaja ao que vemos, mas sim que seja dirigida
em todos os aspectos pela Suprema Autoridade. Em geral, Sua resposta enquanto
estava na Terra era não confrontar e condenar, mas seguir no verdadeiro
trabalho de Deus. Não somos chamados a uma rebelião aberta contra qualquer
autoridade hierárquica, mas tão somente a nos submeter à vontade superior.
Por outro lado, nós não
queremos, e de fato não podemos, perder a direção sobrenatural de Deus, especialmente
quando essa direção vem através de outros vasos humanos. Não podemos
simplesmente rejeitar toda e qualquer autoridade que seja expressa através dos
homens. É essencial que nós nos humilhemos nesse assunto diante de nosso
Criador e que estejamos certos que estamos desejando obedecer á Sua voz, onde
quer que ela seja ouvida. Precisamos estar desejosos de segui-Lo no que quer
que seja que ele diga. Se nós não temos esta atitude de coração, iremos acabar
certamente rejeitando não apenas a autoridade humana, mas de fato toda
autoridade. Nossa condição será de rebeldes independentes que têm pouca
serventia para Deus. A verdade é que, se nós não podemos nos submeter ao Senhor
quando Ele fala através de nossos irmãos e irmãs, realmente não estamos submissos
a Ele.
A questão óbvia que surge de toda essa discussão é : “Como podemos saber a diferença entre a autoridade que é espiritual e aquela que é da terra?” A resposta é muito simples, mas não é facil. Além da revelação do Santo Espírito, não há maneira de saber. O homem natural não é capaz de diferenciar as duas. Só aqueles que têm visão espiritual poderão saber o que vem de Deus e o que não vem. É algo que precisa ser discernido.
A questão óbvia que surge de toda essa discussão é : “Como podemos saber a diferença entre a autoridade que é espiritual e aquela que é da terra?” A resposta é muito simples, mas não é facil. Além da revelação do Santo Espírito, não há maneira de saber. O homem natural não é capaz de diferenciar as duas. Só aqueles que têm visão espiritual poderão saber o que vem de Deus e o que não vem. É algo que precisa ser discernido.
Portanto, é essencial que
cada filho de Deus cultive uma intimidade com Ele. Cada um de nós é responsável
por desenvolver e manter um relacionamento espiritual com Nosso Senhor. Ninguém
mais irá fazer isso por nós. Não podemos crer que algum tipo de “rei” vá
se encarregar das responsabilidades. Assim como foi com o povo de Israel, hoje
também o desejo de Deus continua o mesmo. Em Seu coração Ele anseia que nós
permitamos ser levados a um profundo relacionamento com Ele. Deste modo,
repousando no colo de Jesus como o João (João 13:23), nós chegaremos a
compreender tudo o que Ele julga necessário que saibamos.
2. A REBELHÃO DE CORÉ
Muitos anos atrás, quando os
filhos de Israel estavam acampados no deserto, levantou-se uma discussão entre
eles sobre quem deveria exercer a autoridade. O homem Moisés e seu irmão Arão
vinham liderando o povo de Deus até aquela ocasião. Eles tinham vindo ao Egito,
falado a Palavra de Deus para os israelitas e para o faraó e, eventualmente,
conduzido o povo de Deus para fora de sua escravidão em direção ao seu destino
divinamente escolhido. Este foi um tempo maravilhoso na história do povo de
Deus, durante o qual o poder de Deus e sua vitória sobre as forças do mal foram
dramaticamente demonstradas.
Entretanto, com o passar do
tempo, alguns dos outros homens da congregação se desiludiram com o exercício
de autoridade de Moisés e de Arão. Esses outros homens (mais de 250 deles)
também eram líderes na congregação e bem conhecidos entre as pessoas (Num
16:2). Eles começaram a imaginar porque Moisés e Arão estavam se colocando como
“autoridades” e “exaltando-se a si próprios” acima de todos os demais (Num
16:3). Seu raciocínio era algo assim: “Somos todos crentes aqui. Deus
está entre nós todos. Qualquer um na congregação é tão santo quanto qualquer
outro. Aos olhos de Deus somos todos iguais. Quem esses dois pensam que eles
são? Nossa compreensão da vontade de Deus é tão válida quanto a deles. Por que
deveríamos segui-los?”
Hoje este tipo de raciocínio
é fácil de entender. É perfeitamente natural para nós pensar desta maneira
quando somos continuamente confrontados com a autoridade espiritual. No início,
quando alguém surge com uma palavra do Senhor e manifesta uma unção espiritual,
é fácil se impressionar e prestar atenção ao que eles dizem. Mas, depois de
algum tempo, quando você conhece a pessoa e percebe algo sobre suas falhas
humanas e fraquezas– quando a primeira aura de impressão espiritual se foi–é
então que este tipo de pensamentos começa a ocorrer.
Não é difícil para nós
simpatizar com estes e com as razões pelas quais eles pensam desta maneira. Moisés
tinha prometido trazê-los para uma terra que tem bastante leite e mel, mas em
volta deles estendia-se apenas deserto. Ele lhes havia dito que Deus desejava
abençoá-los abundantemente, mas até mesmo o Egito tinha sido mais confortável
que isto. Eles tinham olhos em suas faces. Podiam ver que não estavam tomando o
rumo mais direto para o seu destino. E este Moisés estava mantendo as coisas em
família, indicando seus parentes para o sacerdócio. Só um tolo continuaria a
ser dirigido por estes dois pela ponta do nariz, sem expressar um pouco a sua
própria opinião. Moisés pretendia mantê-los todos cegos para que ele e seu
irmão pudessem continuar a manter todas as posições de autoridade (Num 16:14).
Conforme vamos lendo,
descobrimos que a reação de Deus a este processo de pensamento foi extremamente
severa – de fato, tão chocantemente severa, que muitos das pessoas foram
amedrontados por ela e se iraram. Aqueles que não responderam à intimação
de Moisés para a Tenda dos Encontros foram engolidos vivos pela terra.
Aconteceu uma coisa nova e estes homens, com suas famílias inteiras, caíram no
abismo. (Num 16:30-33). A seguir, desceu fogo do céu e consumiu os 250
remanescentes. Então, como se este julgamento mais devastador e terrível sobre
o povo de Deus não fosse suficiente, uma praga irrompeu sobre aqueles que se
ofenderam com o que aconteceu e matou mais 14.700! Na verdade, foi só pela
intervenção de Moisés e Arão que a congregação inteira não foi destruída num
segundo. Que calamidade de proporções inimagináveis tinha acontecido
àqueles a quem Deus havia escolhido para serem Dele.
Vamos parar um momento e
considerar este evento cuidadosamente. Isto não é simplesmente uma sabatina de
história antiga. O Novo Testamento explica claramente que estas coisas foram
escritas para o nosso benefício (1ª. Cor 10:11). Esta é realmente uma mensagem
para a Igreja de hoje, que Deus está ansioso para ouvirmos. Esta é uma palavra
séria, corretiva, de instrução que está em Seu coração. Que Ele tenha misericórdia
de nós para que possamos ser capazes de recebê-la como tal.
A VERDADEIRA AUTORIDADE ESPIRITUAL
Certamente a maioria dos
leitores já percebeu que a verdadeira questão aqui não é um argumento sobre
personalidades ou opiniões. Não é uma análise de quem teve as melhores idéias
ou conselhos. É a questão da autoridade espiritual. Era uma discussão sobre
quem estava qualificado para liderar o povo de Deus de acordo com a Sua
vontade. Desde que está evidente que este assunto é tão importante e que Deus
foi a graus tão extremos para demonstrar-nos sua seriedade, parece bom gastar
um pouco de tempo aqui e examinar a necessidade de reconhecer a genuína
autoridade espiritual e qual deve ser nossa resposta a ela.
No primeiro artigo desta
série sobre autoridade espiritual, nós descobrimos que há duas variedades de
autoridade no mundo hoje. Um tipo é a autoridade terrena, chamada autoridade
“delegada,” que Deus instituiu para manter o mal deste mundo sob
controle. Esta autoridade é exercida por aqueles que detém títulos e posições
em nossas sociedade, tais como policiais, oficiais do governo, juízes, etc. O
outro tipo de autoridade é o “espiritual”, que nós chamamos autoridade
“transmitida.” Aqueles que manifestam esta tipo de autoridade são simplesmente
canais através dos quais a autoridade de Deus flui diretamente. Estes são vasos
autorizados através dos quais Deus escolheu transmitir Sua vontade. Quando tal
autoridade é exercida, é uma revelação do próprio Deus.
Como vimos anteriormente,
Moisés era um tal vaso da autoridade divina. Ele era um homem que foi usado por
Deus para manifestar Seus próprios planos e propósitos de uma maneira
assombrosa. Muito poucos homens na história do mundo manifestaram tamanha
liderança e poder espiritual. Nós sabemos que Moisés não estava instituindo
suas próprias idéias e opiniões. Ele não estava liderando o povo de Deus de
acordo com sua própria sabedoria e direção. Ele era simplesmente um instrumento
sendo usado por Deus para transmitir Sua vontade ao Seu povo. Ele era um canal
através do qual Deus falava clara e diretamente.
Talvez esta compreensão ajude
a explicar a severidade da reação de Deus ao desafio de Coré e seus
companheiros. Eles pensavam que estavam em desacordo com um homem. Imaginavam
que estavam tratando com algum tipo de autoridade delegada, terrena. Ao
contrário, descobriram que estavam se opondo ao próprio Deus. Embora a
autoridade de Deus estivesse sido manifestada através de em vaso humano, isto
não diminui o fato de que era realmente ELE! Moisés tentou salvá-los de seu
erro e explicou-lhes o fato, dizendo:
“Portanto você e seus companheiros estão reunidos contra o Senhor” (Num 16:11), mas eles se recusaram a ouvir. Conseqüentemente, sofreram o mais espantoso e veloz julgamento do próprio Deus. Sem o imaginar, haviam desafiado a Ele diretamente e Ele estava pronto para responder.
“Portanto você e seus companheiros estão reunidos contra o Senhor” (Num 16:11), mas eles se recusaram a ouvir. Conseqüentemente, sofreram o mais espantoso e veloz julgamento do próprio Deus. Sem o imaginar, haviam desafiado a Ele diretamente e Ele estava pronto para responder.
DEUS TAMBÉM ESTÁ FALANDO HOJE
Hoje Deus também está falando
através de homens. E quando Ele fala através deles, é sua voz que é
ouvida. É Sua autoridade que está sendo transmitida. Isto é uma coisa que
todo crente precisa observar muito seriamente. É muito mais fácil para nós ver
com os olhos naturais e reagir exatamente como Coré fez, perdendo inteiramente
a Fonte da mensagem que está sendo dada. Quantas vezes nós nos desculpamos por
não ouvir nosso irmão porque nossa compreensão ou visão não era a mesma dele?
Quão frequentemente nos rebelamos contra Deus porque Ele estava usando um
instrumento que nós não reconhecíamos? A rebelião de nossa carne hoje não é
diferente destes exemplos no Velho Testamento. Além disso, quando nos
rebelamos, nós sofreremos as conseqüências.
É um fato comum que a
humanidade tenha sérias dificuldades em reconhecer e submeter-se à
autoridade. Esta deficiência é um resultado direto da queda do homem e da
subversão da natureza humana. Quer gostemos de admiti-lo ou não, uma rebelião
profundamente assentada permanece no coração de cada um de nós. Rebelião –
desobedecer o mandamento de Deus – foi o que destruiu Adão e Eva. E é esta
mesma rebelião dentro de nossos corações que nos impede de ouvir Sua voz quando
Ele nos fala individualmente ou por meio de outros. Esta recusa em ouvir
Sua voz está destruindo muito mais do que uns poucos crentes no nosso mundo
atual.
Um dos propósitos primários
de Deus em sua obra dentro de nossos corações é subjugar a rebelião. Deus
deseja estabelecer Seu reino, Sua autoridade em nossas vidas. Esta experiência
libertadora se torna nossa, conforme nos submetemos à autoridade divina. A
expressão de Sua autoridade, a manifestação de Sua vontade para nossas vidas
vêm a nos por muitas maneiras diferentes. Deus nos fala através de Sua Palavra.
Ele revela-se a nós em nosso espírito. Ele pode mesmo usar várias
circunstâncias para nos dirigir. Mas não importa o modo como Sua autoridade é
exibida, o importante para nós é reconhecê-Lo como a Fonte. Quando falhamos em
ouvi-Lo falar ou em responder obedientemente, certamente sofreremos perda em
nossa experiência cristã.
A EXPERIÊNCIA “DO CORPO”
Um modo importante pelo qual
Deus nos mostra Sua vontade é através de outros cristãos. Quando nascemos de
novo, somos colocados por Jesus em Seu corpo. Pelos desígnios sobrenaturais de
Deus, Ele não nos fez completos e independentes. Ao invés, Seu padrão é que
cada membro de Seu corpo tenha determinados dons e funções específicas. Ele
determinou uma grande diversidade em Seu corpo, a qual deseja que resulte em
uma grande interdependência. Nenhuma pessoa “tem tudo” mas cada uma deve
desejar receber a ministração de outros para ser completa. Desse modo, cada um
tem algo para ministrar e cada um é, até certo ponto, dependente dos outros
para coisas que eles não possuem.
Isto é especialmente
verdadeiro na área de conhecer a vontade de Deus e ser sensível à Sua
autoridade. Conforme cada indivíduo cresce espiritualmente na esfera de
seu ministério designado, a autoridade de Deus começa a fluir através deles
nesta área. Quanto mais eles crescem em obediência ao Espírito, mais Deus pode
usá-los para manifestar Sua vontade. Consequentemente, cada um começa a
ter uma compreensão única da vontade de Deus. Assim, quando estamos abertos
para o falar de Deus conosco através de outros, Ele pode ministrar-Se a nós de
muitas e extraordinárias maneiras.
Provavelmente a maioria dos
cristãos gosta de imaginar que são sensíveis ao falar do Espírito Santo dentro
deles. Na prática, entretanto, a maioria de nós está longe deste ideal. Dentro
do coração de virtualmente todo crente ainda permanecem áreas de trevas e
rebelião. Estas são as áreas não transformadas, nas quais Deus ainda está
tentando trabalhar. Desde que nós somos frequentemente cegos para o fato de que
tais áreas existem, é muito difícil para o Senhor falar diretamente a nós sobre
estes problemas. Portanto, Ele frequentemente tenta usar outros crentes para
falar conosco. Ele dará a necessária compreensão e revelação sobre nossas
próprias vidas - coisas que não seríamos capazes de receber sozinhos - a outros
e os usará para nos ministrar. Se, quando isso ocorre, podemos reconhecer a voz
de Deus falando através de nossos irmãos e irmãs, seremos abençoados. Se nos
recusamos a responder à autoridade de Deus, iremos deixar escapar aquilo que
Ele havia planejado para nós.
Como vivemos e nos movemos no corpo de Cristo, precisamos aprender a reconhecer uns aos outros e interagir espiritualmente. Para fazer isso é essencial que paremos de nos conhecer de acordo com a carne (2ª. Cor 5:16). Isto quer dizer que não devemos julgar os outros de acordo com o que percebemos pelos nossos sentidos físicos ou percepções mentais. Nunca devemos focalizar seus traços peculiares de personalidade, suas falhas, forças ou fraquezas. Ao contrário, precisamos aprender a discernir espiritualmente o Espírito do Senhor nos outros e reconhecer os dons especializados e ministérios que Ele lhes tenha dado. Precisamos vê-los através dos olhos de Deus. conforme nós reconhecemos os ministérios espirituais de nossos irmãos e irmãs, Deus pode começar a usá-los para ministrar-Se em nossas vidas. Sua autoridade irá fluir e nos tocar de maneira nunca esperada. Esta é uma experiência cristã essencial. É deste modo, através da cooperação de cada parte (Ef 4:16), que o corpo é edificado como Jesus deseja.
Como vivemos e nos movemos no corpo de Cristo, precisamos aprender a reconhecer uns aos outros e interagir espiritualmente. Para fazer isso é essencial que paremos de nos conhecer de acordo com a carne (2ª. Cor 5:16). Isto quer dizer que não devemos julgar os outros de acordo com o que percebemos pelos nossos sentidos físicos ou percepções mentais. Nunca devemos focalizar seus traços peculiares de personalidade, suas falhas, forças ou fraquezas. Ao contrário, precisamos aprender a discernir espiritualmente o Espírito do Senhor nos outros e reconhecer os dons especializados e ministérios que Ele lhes tenha dado. Precisamos vê-los através dos olhos de Deus. conforme nós reconhecemos os ministérios espirituais de nossos irmãos e irmãs, Deus pode começar a usá-los para ministrar-Se em nossas vidas. Sua autoridade irá fluir e nos tocar de maneira nunca esperada. Esta é uma experiência cristã essencial. É deste modo, através da cooperação de cada parte (Ef 4:16), que o corpo é edificado como Jesus deseja.
É precisamente por esta razão
que somos ensinados a nos submeter uns aos outros no temor de Deus (Ef 5:21d).
Quando nos relacionamos com outros crentes que estão seguindo o Senhor, não
estamos apenas tocando seres humanos. A Igreja, a Bíblia insiste, é a
verdadeira morada do Espírito Santo! Quando estamos experimentando relações
espirituais vivas com outros, não é apenas com eles que estamos em contato. É o
próprio Deus. Este fato deveria causar um profundo impacto em nós. Esta
consideração deveria nos elevar um pouco e nos fazer reexaminar nossa atitude e
relações com outros cristãos. Como todos nós precisamos de uma grande dose do
temor de Senhor introduzido em nossa experiência de Igreja!
A EXPERIÊNCIA “DA NOIVA”
Estivemos falando sobre
nossas vidas individuais, mas estas mesmas verdades também se aplicam ao corpo
de Cristo como um todo. Deus não apenas quer nos dirigir individualmente, mas
Ele deseja grandemente que Sua Igreja se mova unida ao Seu comando. A Bíblia
nos ensina que Jesus é o cabeça do corpo, a Igreja (Col 1:18). Lemos que Ele
deve ter completa autoridade sobre todas as coisas. É Sua intenção controlar
cada aspecto do movimento dela. A Igreja deve comportar-se como uma mulher
incorporada respondendo a cada inclinação de Sua cabeça celestial, assim como
uma esposa responde a seu marido. Que coisa gloriosa quando a Igreja se
move junta na direção em que Deus a está dirigindo! Que vista bonita é a noiva
de Cristo respondendo unida ao seu Bem-amado.
Esta é uma doutrina
maravilhosa. Inspira meditação em nosso tempo em particular com o Senhor. Mas
como esta autoridade vai ser manifestada? Eu suponho que é teoricamente
possível para o Senhor mover Seu corpo dando simultaneamente a cada membro a
mesma instrução. Na prática, entretanto, parece que Deus usa
líderes–homens e mulheres que Ele preparou – para receber e transmitir Sua
vontade. Essa sublime possibilidade para a Igreja mover como uma só, torna-se
uma bênção genuína quando ouvimos Sua voz através estes líderes e obedecemos.
Assim, todos os Seus santos propósitos se cumprirão em nós, através de nós e ao
nosso redor. A profetiza Débora teve uma visão que a inspirou a dançar enquanto
cantava: “Os líderes tomaram a frente em Israel” e “as pessoas se ofereciam
voluntariamente. Bendizei ao Senhor.” (Juizes 5:2).
Aprendemos nas Escrituras que
há na Igreja ministros especializados que são designados por Deus especialmente
para a liderança do grupo todo. Os apóstolos, aqueles homens aos quais Deus
havia confiado a visão completa de Sua morada; os profetas, aqueles através dos
quais Deus expressa os desejos de Seu coração para os Seus e, em geral,
qualquer indivíduo qualificado que Ele possa usar para manifestar Sua vontade
ao Seu corpo; todos estes podiam ser categorizados como “líderes”. Muito
frequentemente são estes líderes que o cabeça usará para apontar Suas direções
e planos para os demais.
QUAL É NOSSA RESPOSTA?
Mas, quando tais pessoas
falam, qual é a nossa resposta? (Por favor, lembre-se que não estou me
referindo aqui ao exercício de autoridade posicional e humana na Igreja, mas à
verdadeira autoridade espiritual transmitida). Somos capazes de discernir a voz
de Deus ou nós obstinadamente a recusamos? Somos submissos ou pensamos algo
como: “Não concordo com aquilo. Não é algo de minha responsabilidade. Quem
aquela pessoa pensa que é, tentando nos dizer o que fazer?” Ou mesmo: “Eu não
ouvi Deus falar nada daquilo comigo.” Na realidade, você ouviu Deus “sobre
aquilo”. Ele falou com você pessoalmente – através de seu irmão.
Nem todos são chamados por
Deus para serem líderes. Na verdade, a maioria não é. Conseqüentemente, é
imprescindível que a maioria se submeta à voz de Deus falando através de Seus
líderes. Desta forma, aqueles que não têm este dom, encontrarão direção e
satisfação. Eles serão direcionados para à vontade do Senhor simplesmente por
seguir o Senhor em seus irmãos. Quando a expressão desta autoridade é genuína,
um tremendo poder e fertilidade serão mostrados conforme a Igreja se move de
acordo com a direção do cabeça. Deste modo, uma gloriosa expressão do reino de
Deus se manifestará na Terra.
De modo inverso, já que Deus
não está sempre falando diretamente a cada indivíduo, se recusamos a Sua fala
através dos vasos escolhidos, experimentaremos uma grande perda de propósito e
direção. Tal rebelião provoca confusão. Pobreza espiritual e perda do poder
sobrenatural resultam quando se faz o “que é direito aos seus próprios olhos”
(Deut 12:8). A redução do fruto espiritual, seja nas vidas individuais ou no
aumento de novos crentes se manifestará rapidamente . Quando não estamos
dispostos a ouvir aqueles através dos quais Deus está falando, perdemos Sua liderança
e somos deixados apenas com nossas idéias e opiniões. Essas opiniões
contrárias–aquelas que se levantam para se opor à maneira de Deus– irão
naturalmente competir pela aceitação dos crentes. Assim, sem a liderança
divina, a Igreja se torna paralisada e dividida.
A reação adequada que
deveríamos ter quando algum devoto alega ter uma palavra do Senhor para a
Igreja é examiná-la diante Dele humildemente e em oração. Quando o
indivíduo que falou é conhecido como um vaso através do qual Deus sempre manifesta
Sua vontade, isto deveria aumentar a nossa diligência em ter certeza que a
nossa resposta é a correta. É bom lembrarmos aqui que, se não entendemos alguma
coisa, isto não é motivo para rejeitá-la. Geralmente, não é fácil para nós
compreendermos a visão associada com os ministérios dos outros membros. Nossa
responsabilidade é levarmos estas coisas séria e honestamente a Deus em oração.
Se o que ouvimos não veio Dele, nós não precisamos – e de fato não
devemos–obedecer. Entretanto, tal decisão deve ser tomada com a máxima
humildade, temor diante de Deus e cautela, para ter certeza que o nosso
discernimento está correto. Lembre-se que a tendência geral de nossa carne é se
inclinar para o lado da rebelião.
Não há dúvida que foi por
esta razão que o Apóstolo Paulo exortou seus leitores a terem o cuidado de
reconhecer aqueles que eram trabalhadores espirituais e que estavam
manifestando a real autoridade espiritual (1ª. Tess 5:12). Este deve ser o tema
que está por trás da admoestação em 1ª. Cor 16:15,16, onde ele persuade os
crentes a reconhecer e submeter-se àqueles que Deus estava usando. Outra e
ainda outra vez no Novo Testamento este tema da submissão à autoridade
espiritual é salientado. Por quê? Porque é tão fácil para a carne esquecê-la. É
a tendência natural da natureza caída recusar a autoridade Divina manifesta
através de outras pessoas.
UM GRANDE ERRO
É um grande erro pensar que
aqueles que Deus está usando para expressar Sua autoridade serão facilmente
reconhecidos pelo homem natural. A maioria dos profetas não era bastante
impressionante para atrair muitos seguidores. Mesmo um homem como Moisés que
estava acostumado a executar milagres espetaculares, continuamente tinha
dificuldade com homens e mulheres que não podiam ver além da aparência superficial.
O próprio Senhor Jesus foi o
máximo exemplo de autoridade espiritual. Entretanto, muitas das pessoas que o
rodeavam e que não tinham visão espiritual eram incapazes de discernir Quem e O
Quê Ele era. Sua própria família não o reconheceu. As pessoas de Sua cidade
Natal não puderam receber Seu ministério. Mesmo os líderes da “Igreja” de Seu
tempo, os que verdadeiramente deveriam tê-Lo abraçado, falharam em compreender
a fonte de Sua autoridade (Mat 21:23). No final, os oficiais religiosos delegados
se opuseram até a morte a esta manifestação da autoridade porque ela
representava uma ameaça à sua posição e “lugar” (João 11:48).
O problema é que estes seres
humanos que Deus usa são apenas isso – seres humanos. Quando Deus fala através
deles, eles não criam asas, desenvolvem auréolas ou começam subitamente a andar
sem tocar o chão. Eles simplesmente permanecem como eles são. No presente
momento, parece que Deus tem muito poucos cristãos perfeitos para transmitir
Sua vontade.
Consequentemente, Ele é obrigado
a usar alguns que são, bem, vamos dizer que menos que completamente
santificados. Eles ainda necessitam alimentar-se de comida, de dormir à noite
e, infelizmente, de tempos em tempos ainda vão manifestar a parte ainda não
transformada de sua natureza. Assim mesmo, quando eles falam segundo o Espírito
de Deus, ele são, durante aquele período, uma manifestação de Sua autoridade.
Talvez nossas idéias
pré-concebidas algumas vezes nos façam errar. Talvez seja possível que nós
idealizemos demais muitas figuras bíblicas a quem Deus usou no passado, e
esperemos que nossos irmãos e irmãs sejam como imaginamos que eles sejam.
Embora as Escrituras focalizem principalmente os tempos em que estavam ungidos
pelo Espírito, não há dúvida que eles tinham momentos em que eram menos que
perfeitos. Conforme contemplamos estes homens e sua obra para Deus, é fácil
supor que, se tivéssemos vivido naquela época, certamente os teríamos
reconhecido como instrumentos do Altíssimo. Nós supomos que sua conduta, seu
porte ou qualquer coisa sobre eles nos haveria certamente impressionado e nós
nunca teríamos rejeitado seu testemunho, como tantos de nossos antepassados
fizeram. Com certeza não estaríamos entre aqueles que “matavam os profetas”
quando eles traziam uma palavra difícil de ser ouvida (Mat 23:31). Mas é
evidente que a maioria do povo de Deus teve e ainda tem este problema. Nós
falhamos em não olhar além da humanidade dos vasos e em ouvir Sua voz.
JULGAMENTO ESPIRITUAL
Nesta Terra, Deus está
limitado a expressar-Se através de seres imperfeitos. Consequentemente, é muito
fácil para a mente humana examinar a pessoa em vez da fonte da mensagem. É
perfeitamente natural para alguns agir como Datã e Abirã e ver os outros só com
os olhos da carne. Faltando visão espiritual, eles fazem seus julgamentos pelas
aparências superficiais. Encontram alguma falha no vaso e perdem o
conteúdo. Eles percebem alguma imperfeição real ou imaginária naquele
através do qual Deus está liderando e então se liberam da obediência e submissão.
Fazer isso é um engano trágico. Resultará em um julgamento espiritual sobre
aqueles que o cometem. Isto não é porque eles se recusaram a ouvir a opinião de
seus irmãos ou levar em conta as idéias de um outro. É porque eles recusaram a
voz do próprio Deus manifestando Sua vontade através de Seu vaso escolhido.
Quando nós recusamos a voz de
Deus falando através de outros, haverá julgamento. Rebelião contra nosso rei
sempre traz conseqüências. No mínimo resulta em algum grau de trevas
espirituais. Também produzirá nas partes afetadas um tipo de experiência de
falta de direção, afastamento ou insatisfação, semelhante àquela dos que se
recusaram a entrar na terra de Canaã. tais indivíduos tendem a ir a parte
nenhuma espiritualmente e não executam nada para o Senhor. Eles não podem
encontrar a paz do Senhor. Essas são as pessoas que estão sempre tendo
problemas em se submeterem aos outros e então continuam a procurar uma direção
pessoal e independente para suas vidas. O que não conseguem imaginar é que só
poderão conseguir sua realização estando em submissão à liderança que Deus já
está dando através de outros. Desde que seus dons e funções no corpo não são na
área de liderança, é impossível para eles encontrar seu lugar sem permitir a
direção de Deus através de outros.
Deus nunca muda. Sua atitude
para com a rebelião hoje é a mesma que era nos tempos do Velho
Testamento. Embora os julgamentos que os rebeldes dos dias de Moisés
experimentaram possam não ser repetidos exatamente, eles certamente são um
exemplo terreno dos efeitos espirituais que a nossa própria rebelião produz.
Quando recusamos Deus falando sobre áreas que necessitam transformação, essas
fraquezas permanecem intactas. Com o correr do tempo, os efeitos adversos
destes problemas podem se tornar tão sérios que o “chão” espiritual se abre
abaixo de nossos pés e nossos pecados nos engolem completamente. Muitos
cristãos têm tido sua caminhada com o Senhor completamente destruída pela
rebelião contra a Sua autoridade. Alguns até perderam suas vidas físicas.
CONSIDERAÇÃO FINAL
Isto nos traz à consideração
final que é: o que podemos fazer para evitar este sério erro? Como podemos
estar certos que estamos ouvindo a voz de Deus quando Ele fala através de
nossos irmãos? A única resposta é que devemos estar verdadeiramente submissos a
Deus. Em nossos corações, precisamos estar desejosos de ouvir Sua voz e de
obedecer. Se realmente desejamos Sua vontade, podemos recebê-la, não importa
que instrumento Ele use para transmiti-la. Se verdadeiramente queremos
obedecê-Lo e estabelecer um relacionamento de submissão a Ele, reconheceremos o
Seu falar mesmo pelo mais humilde, menos considerado membro do corpo. Sua
ovelha “ouvirá Sua voz” (João 10:27). Isto não é algo que nos acontece num
instante, mas é uma experiência que se intensifica conforme aumenta o nosso
relacionamento com o Senhor. Nossa crescente submissão a Deus é verdadeira
evidência de crescimento espiritual e maturidade. Nossa disposição em
ouvir Sua voz é um fator crucial.
Nesta época, Jesus não está
forçando ninguém a obedecer a Sua vontade. Portanto, ouvir a calma voz de Deus
e responder a ela requer um coração preparado para receber o que quer que seja
que o Mestre esteja dizendo. Nenhuma quantidade de ensino pode substituir este
tipo de disposição. Pressionar os crentes rebeldes a se “submeterem” aos
líderes não terá um efeito real em seus problemas. Insistir em que os
insubordinados se movam em determinada direção, mesmo que seja a certa, não
pode produzir resultados espirituais. Tudo o que isto pode criar são hipócritas
cujos corações não estão bem com o Senhor. Não há substituto real para cada
crente verdadeiramente humilde diante de Deus, recusando os instintos rebeldes
que surgem dentro deles e submetendo-se á mão poderosa de Deus (1ª. Pedro 5:6).
A grande necessidade desta
hora é permitir que Jesus estabeleça Seu reino em nossos corações. Em um breve
dia Sua autoridade será estabelecida fisicamente no planeta. Mas, como uma
preparação para este evento determinado, é necessário que Ele estabeleça Seu reino–
Sua autoridade celestial–firmemente dentro de nós. É essencial para aqueles que
proclamam que O amam, que também O obedeçam. Vamos todos, na luz de Deus e de
Sua Palavra, examinar-nos completamente e então render ao Seu controle todas as
áreas de nossas vidas consideradas em rebelião. Vamos coroá-Lo rei de nossas
vidas.
3. A SARÇA ARDENTE
Nosso Deus é infinito e
eterno. Ele conhece todo o futuro tão bem como o passado. Ele não apenas
compreende o começo e o final do tudo, mas a Bíblia nos ensina que Ele “é” o
princípio e o fim. Deus existe além de e acima do que é chamado de “tempo.”
Tempo é apenas uma parte de Sua criação. Pelo fato de nós sermos seres finitos
e, portanto, limitados pelo “tempo,” este conceito do Ser Eterno existente fora
do tempo, pode ser difícil de ser penetrado por nós. Não obstante, é
verdadeiro. Deus simplesmente “é.” E Sua existência transcende a ambos, tempo e
espaço.
Como uma conseqüência disso,
nada do que Deus faz é acidental. Seu trabalho não foi e nem está sendo feito
num impulso momentâneo, conforme alguma idéia súbita entre em Sua mente. Pelo
contrário, tudo o que Deus tem feito, foi planejado “muito tempo atrás,” de um
ponto de vista humano. Todas as Suas atividades são direcionadas para cumprir
os objetivos que Ele determinou desde o princípio. Nada do que tem se
realizado, seja para impedir Seus propósitos ou para ajudá-los, tem sido uma
surpresa para Ele. Cada circunstância foi previamente conhecida e Deus, em Sua
infinita sabedoria, planejou um modo de realizar a Sua vontade através dela.
Com isto em mente, vamos
olhar juntos para a vida de um homem de Deus muito especial. Sem dúvida, bem
antes de ter nascido, Moisés foi escolhido por Deus como um instrumento para
executar um grande e poderoso trabalho em Seu nome. Ele não foi selecionado
precipitadamente apenas porque aconteceu de estar no lugar certo na hora exata,
mas porque ele era parte de um desígnio eterno e insondável. O Todo-Poderoso
não apenas conheceu e escolheu previamente Moisés, mas Ele também planejou um
modo de prepará-lo para sua futura missão. Pouco depois de seu nascimento (eu
creio que todos vocês já leram a história), Moisés foi retirado de seu
esconderijo no rio, direto para a casa do faraó. Lá ele recebeu educação e
treinamento sobre os usos e costumes da corte (Atos 7:22). Tudo isso fazia
parte dos desígnios de Deus para preparar Moisés para o trabalho que estava por
vir.
Eu suponho que é teoricamente
possível que algum pastor que passou sua vida inteira no deserto, entre na
presença do faraó e trate com ele da maneira como Moisés fez, mas Moisés não
era simplesmente um pastor comum. Ele era um homem preparado por Deus para uma
obra extraordinária. Em preparação para sua chamada, nosso Deus providenciou
uma educação bastante incomum. Consequentemente, quando a hora chegou,
ele estava qualificado para se mover com segurança na corte de faraó e cumprir
a tarefa do Altíssimo.
Moisés não foi apenas
preparado por Deus, mas também foi chamado por Ele para o trabalho para o qual
fora predestinado. Não sabemos exatamente quando Moisés começou a entender este
chamado, mas está claro que por volta dos 40 anos ele sabia algo sobre isso. É
provável que ele ainda não suspeitasse da totalidade do plano de Deus, mas ele
parecia compreender que tinha sido escolhido pelo Senhor para libertar Seu
povo. Em Atos 7:25 lemos; “Pois ele supunha que seus irmãos entenderiam que
Deus os livraria por intermédio dele.” Evidentemente, porque ele estava ciente
deste fato, erroneamente presumiu que eles também o compreendiam. Porém, eles
não entenderam. Ainda não era o tempo de Deus e todo o Seu trabalho de
preparação ainda não havia acabado.
Já que a compreensão de
Moisés do plano de Deus estava incompleta, seu comportamento refletia sua
deficiência. Ele deve ter olhado a situação com olhos naturais. Ver seus
próprios irmãos tão maltratados e na escravidão, provavelmente incitou nele
sentimentos muito apaixonados. Sua opressão contínua, severa, deve ter causado
um grande impacto sobre ele. Deve ter se consumido com a idéia de realizar o
trabalho que Deus lhe tinha dado. A posição de poder e autoridade a que ele
havia chegado, sua própria força e sabedoria, as habilidades inatas de
liderança que possuía – todas essas coisas o convenceram de que ele podia e
devia começar a dar alguns passos para realizar o chamado de Deus. Assim,
quando a oportunidade se apresentou, ele a aproveitou, matando o egípcio e
escondendo-o na areia.
Que poderoso livramento ele
executou! Um opressor morto e um israelita temporariamente liberto. Com toda a
sua preparação e talentos naturais, isso era tudo que ele podia fazer. Moisés
indubitavelmente queimava por dentro com o desejo de ver o povo de Deus
livre. Ele estava dando o melhor de si para executar o trabalho para o
qual havia sido chamado. Contudo, os resultados foram tão lastimáveis. Não
apenas o povo de Deus não foi liberto, não apenas eles não compreenderam o que
ele tentava fazer, mas ele próprio teve que proteger sua vida fugindo para o
deserto. Mesmo tendo sido chamado por Deus para realizar este trabalho, o
que ele pôde produzir com sua própria energia foi um fracasso.
Os próximos 40 anos da vida
de Moisés foram gastos tomando conta de ovelhas. Embora ele não pudesse saber,
esse também era um tempo de preparação de Deus. Depois de tanto tempo,
ele havia renunciado à idéia de executar qualquer tipo de libertação. O desejo
inflamado de libertar seu próprio povo, que antes possuíra, era agora uma
memória esmaecida. Tornara-se mais velho e mais sábio. A força natural que
outrora emanava de seu ser tinha se enfraquecido e os dons e talentos que
adquirira no Egito não tinham sido usados durante anos. Isso também era obra de
Deus. Era a quebra do que era natural em Moisés –a queda ao pó de sua forças e
habilidades humanas – para que Deus pudesse ser o Único a se manifestar através
dele. Pelas vistas de Moisés, ele estava acabado, mas aos olhos de Deus, era
apenas o começo.
Quando Moisés tinha cerca de
80 anos, Deus apareceu a ele de uma maneira especial. Enquanto seguia com suas
ovelhas, ele notou uma sarça que estava queimando. Mas havia algo estranho com
o fogo daquela sarça. Embora queimasse intensamente, a sarça não se consumia.
Não havia nada natural nesse fogo. Não estava usando os elementos terrestres da
sarça. É inteiramente possível que as folhas da sarça tenham permanecido
verdes. Esse fogo era abastecido por algo sobrenatural. Era o fogo de
Deus! Conforme Moisés se virou
para ver essa maravilha, uma voz falou com ele. A voz firmemente o informou que
o fogo celestial tinha tornado aquele lugar santo e não havia lugar para
espectadores. Como reação, Moisés escondeu sua face. O temor a Deus estava
sobre ele e ele não era mais capaz ou desejoso de agir de um modo natural,
humano. Moisés se tornara “muito humilde, mais do que todos os homens sobre a
face da Terra”(Num 12:3).
Esta foi a maneira pela qual
o Altíssimo Deus finalizou Sua chamada para a vida de Moisés – pela sarça
ardente. Através dela ele recebeu a mais importante revelação. Ele na verdade
deveria queimar por Deus, mas não por sua própria energia. Deveria ter um
grande zelo pela libertação do povo de Deus, embora um zelo que não era dele
mesmo. Iria executar uma grande libertação, mas não era aquela que ele havia
planejado. Deus o iria usar de um modo como nenhum outro ser humano havia sido
usado antes, entretanto não seria absolutamente sua própria ação, mas o fogo
celestial trabalhando através dele.
UM PRE-REQUISITO NECESSÁRIO
Aqui está uma verdade
essencial sobre a genuína autoridade espiritual. Antes que alguém possa ser
grandemente usado por Deus para transmitir Sua autoridade, ele precisa ser
quebrado. Ele primeiro precisa de um trabalho sobrenatural realizado em seu ser
natural para que não ser mais inteiro. Ele precisa ser quebrado por Deus.
Quando este trabalho termina, ele não é mais capaz de usar seus talentos
naturais e habilidades para servir a Deus. Ele não fica mais planejando a
libertação de Seu povo. A sua própria capacidade de liderança falhou e, então,
a menos que Alguém mais poderoso se mova nele, ele não via absolutamente se
mover. Uma vez que o filho de Deus alcance esta posição, então ele está pronto
para uma grande obra. É então que tal pessoa pode ser realmente usada por Deus.
Quando sua confiança em seus dons pessoais, em sua personalidade, conhecimento
e habilidades termina total e completamente, então e só então, ele está
qualificado para ser usado de uma maneira poderosa para manifestar a verdadeira
autoridade espiritual.
Não apenas o homem chamado
Moisés teve que se submeter a essa experiência, mas todos aqueles que têm sido
usados por Deus também conheceram Sua mão poderosa em suas vidas. Pare um
momento e considere cuidadosamente a história de algumas outras figuras
bíblicas. Leia a história de José e veja quanto sofrimento ele teve que suportar
antes de estar pronto para a grande liderança. Lembre-se de Abraão que recebeu
tremendas promessas. Enquanto não foram aprovados, ele e Sara planejaram
cumprir a Palavra de Deus por sua própria força. O desastre dessa decisão
permanece conosco até hoje. Mas, após muitos anos de tratamento de Deus, quando
ele e sua esposa já haviam esgotado sua própria capacidade, eles viram o poder
de Deus revelado.
Reveja a história de Jacó, o
“usurpador,” o maquinador, aquele que estava sempre planejando um modo de levar
a melhor. Ele até mesmo lutou com o anjo até que Deus tocou em sua coxa. A
parte mais forte de seu corpo foi sobrenaturalmente deslocada e ele não foi
mais o mesmo. Depois disso ele não pôde mais caminhar como fazia antes. Alguma
coisa tinha mudado permanentemente. Foi então que o seu nome foi mudado de
Jacó, o “usurpador,” para “Israel,” o “príncipe de Deus.”
Mesmo o rei Davi não se
tornou poderoso repentinamente, mas foi preparado por Deus durante anos,
enquanto apascentava as ovelhas e, mais tarde, durante suas experiências com
Saul. Posteriormente, ele foi muito útil a Deus para subjugar Seus
inimigos. Imaginem a tristeza e o quebrantamento que Naomi e Ruth tiveram
que suportar antes de verem a vitória se manifestar a elas. Esses e muitos
outros tiveram que passar pela experiência da “sarça ardente.” Era necessário
para eles serem transformados de homens e mulheres naturais em seres
espirituais de modo a terem sua própria força subjugada por Deus.
A EXPERIÊNCIA NA NOVA ALIANÇA
Isso é verdade não apenas no
Velho Testamento, mas também na Nova Aliança. Na verdade, eu acredito que esta
experiência pode mesmo ser mais importante para aqueles que nasceram de novo do
que para eles. Todas as coisas que foram escritas sobre eles foram realmente
escritas por nossa causa, para que nós pudéssemos receber instrução divina
através delas (Rom 15:4).
Talvez o Apóstolo Paulo nos
proporcione o melhor exemplo de tais tratamentos divinos no Novo Testamento.
Antes de sua conversão ele era, sem dúvida, extremamente forte em si mesmo. Ele
era o “Fariseu dos Fariseus”, um homem judeu culto e bem-educado, que era
“extremamente zeloso” das coisas de Deus. Em seus próprios esforços calorosos
para servir a Jeová, ele até passou a perseguir a Igreja. Então, um dia,
ele teve um encontro com a Luz na estrada. Essa experiência o trouxe para
baixo–literalmente para o chão. Logo após nós encontramos Saulo nas sinagogas
debatendo com os líderes religiosos e pregando as boas novas que ele havia
recebido. Mas isso era apenas o começo. Deus queria algo muito maior desse
homem do que o recebimento de alguns argumentos sobre religião. Ele tinha em
mente um futuro ministério muito maior.
Logo após sua conversão,
Paulo quase desaparece dos registros das Escrituras. Após sua experiência inicial
com Cristo, nada mais é ouvido sobre ele, até que Barnabé vai a Tarso procurar
por ele. Por onde ele andava? O que andava fazendo? Evidentemente não estava
fazendo algo de grande importância. Mas Deus estava fazendo algo nele. Durante
esse período, ele passou alguns anos na Arábia (Gal 1:17), talvez no
deserto. Nós realmente não sabemos quanto tempo ele esteve lá ou o que
ele experimentou. Apenas sabemos que, quando ele ressurge no cenário da Igreja,
não é mais o mesmo homem. Ele não está mais cheio do seu próprio zelo e
energia, mas é agora alguém útil a Deus para ministrá-Lo ao Seu povo. Agora
Paulo é ouvido dizendo coisas como: “não devemos confiar em nós mesmos, mas no
Deus” (2ª. Cor 1:9 ) e “porque quando sou fraco, então é que sou forte” (2ª. Cor
12:10).
O forte “Saulo” tornou-se
Paulo e isso define o caráter de seu ministério daí para a frente. Ele retrata
seu posicionamento em uma assembléia, dizendo: “eu estava convosco em fraqueza
e temor” (1ª. Cor 2:3). Não que o ministério de Paulo fosse fraco, pois
certamente não era, entretanto, ele se sentia fraco. Não mais confiava em
suas próprias forças e zelo para cumprir o desejo de Deus. O vigor de sua
própria vida havia sido destruído. Ele agora sabia que o que ele era e o que
ele tinha como ser humano só era útil quando era motivado pela força de Deus.
Assim, esse homem outrora auto-suficiente, cuja suficiência fora substituída
pela de Alguém maior, tornou-se talvez o mais produtivo Cristão de todos os
tempos. Ele tornou-se um instrumento do poder, de revelação e de autoridade
divino. Ele não apenas ministrou Cristo a muitos em seus dias, mas ainda agora
seu ministério está dando frutos através das páginas do Novo Testamento.
UM PROBLEMA NA IGREJA HOJE
Hoje na Igreja Cristã há um
problema muito comum. Homens e mulheres jovens nascem de novo, recebem
dons, são chamados por Deus e ungidos para o trabalho do ministério. Seus dons
são reais. Seu chamado é genuíno. Mas o trabalho de preparação de Deus em suas
vidas não está completo. Por razões que examinaremos em breve, irmãos tão
talentosos são freqüentemente colocados em posição de autoridade para as quais
eles não têm alternativa senão agir como homens naturais. Tal autoridade
terrestre introduzida na Igreja interrompe o fluir da autoridade divina, que é
essencial para o funcionamento adequado de Corpo, e macula o trabalho de Deus.
Ela traz um elemento natural, humano, que não pode produzir algo espiritual e
se torna apenas um estorvo.
Por favor, não entendam mal.
Jovens crentes podem exibir algum grau de autoridade espiritual. Enquanto eles
operam na esfera do ministério que o Espírito Santo abre para eles, não há
dificuldade. Claro que no início essa esfera é pequena e cresce conforme
aumentam sua habilidade e sensibilidade para com Deus. Entretanto,
conforme eles começam a trabalhar no Corpo de Cristo, freqüente-mente chegam a
uma posição em que começam a exercer uma autoridade que está além de sua
capacidade e, consequentemente, caem no laço do diabo (1ª. Tim 3:7). Este
problema parece desenrolar-se de duas maneiras.
O primeiro enredo é algo
assim: Esses novos convertidos são comumente muito zelosos e têm uma energia
enorme para gastar nas coisas de Deus. Os outros irmãos não podem deixar de
notar os dons, a unção e a habilidade de liderança operando nessa pessoa. Como
nós temos visto desde os capítulos anteriores, os homens naturais freqüentemente
desejam uma autoridade terrena, um “rei.” Eles gostam de ter alguém para lutar
as batalhas, para cuidar dos problemas, descobrir a direção de Deus e outras
coisas mais. Então, quando eles vêem aqueles que estão cheios de energia,
aqueles que Deus está usando e que têm dons espirituais verdadeiros,
normalmente os empurram para a frente na Igreja. Eles os tomam e fazem deles
seus pastores, anciãos e assim por diante. Muito freqüentemente, eles os elevam
acima de sua capacidade espiritual e os colocam em “posições” de autoridade na
Igreja, sobre o que falamos anteriormente.
Claro que estes
recém-convertidos não têm sabedoria e maturidade para evitar esta cilada.
Acreditam sinceramente que os que os estão impelindo devem saber o que é certo.
Já que eles estão famintos, como Moisés estava, para servir a Deus e fazer a
Sua vontade, permitem que os homens os coloquem nessas posições. Mas esse
é um sério engano. É impossível para esses indivíduos agir adequadamente, de
acordo com o Espírito. Eles simplesmente não têm a preparação divina. Sua
sensibilidade espiritual a Deus e sua desconfiança em sua própria capacidade
ainda não foram completamente estabelecidas. Isso então os leva a não ter outra
opção a não ser agir naturalmente, confiando em sua própria capacidade. É esse
tipo de injeção de autoridade que tão rapidamente macula a Igreja.
Se tais indivíduos têm uma
personalidade forte e muita energia, eles podem demonstrar sucesso no que estão
fazendo, pelo menos por enquanto. Os outros podem aplaudir suas realizações.
Sua influência pode se expandir e seu “ministério” cresce muito rapidamente. Em
pouco tempo estão liderando alguma grande organização religiosa e atraindo
novos membros. Todavia, nosso Deus compreende profundamente a verdadeira
substância espiritual de todas as nossas obras. Qualquer coisa que tenha sido
feita por nossa própria energia e esforço é rejeitada por Ele. Tais coisas
terrenas serão queimadas no trono de julgamento de Cristo. Madeira, feno e
palha não podem permanecer naquele dia (1ª. Cor 3:12).
É também possível que Deus
tenha misericórdia desses jovems recrutas e permita que seu trabalho falhe e
pereça. Ele faz isso com muito amor para que eles não se tornem enredados
completamente em seu erro. Ele anseia que eles venham a um lugar de
quebrantamento diante Dele. Contudo, muitos desses indivíduos não compreendem
tais obras nem percebem a mão de Deus em suas derrotas. Eles não entendem como
Deus poderia “abandoná-los” quando eles estavam trabalhando tanto para Ele.
Conseqüentemente, tornam-se amargos e desiludidos. Sua fé naufraga. Para muitos
desses crentes, o que eles vêem outros cristãos fazendo ao redor deles é a sua
única direção. Conforme esse padrão, eles não tiveram sucesso e freqüentemente
acreditam que Deus os abandonou. Parece difícil para alguns mudar esse
conceito. Eles até renunciam a servir a Deus inteiramente ou se mudam para usar
métodos cada vez mais humanos para conseguir os resultados que aprenderam a
esperar.
A segunda razão pela qual os
jovens crentes muitas vezes chegam a posições de autoridade (uma razão que,
geralmente, opera em conjunto com a mencionada anteriormente) é que eles mesmos
as procuram. Essas são pessoas normalmente fortes e mesmo antes de sua
conversão costumavam confiar em suas próprias habilidades. Então, quando vêm
para a Igreja, Deus ainda não teve tempo de mudar essa situação. Como eles são
bem-dotados, ambiciosos e até mesmo chamados por Deus, esses homens e mulheres
naturalmente chegam ao topo em qualquer situação. A menos que haja crentes mais
velhos e maduros que tenham experimentado a mão esmagadora de Deus em suas
vidas para aconselhar e dirigir tais jovens, a tomada da autoridade divina em suas
mãos é quase inevitável. Esses cristãos, pela força natural, se elevam acima de
sua esfera espiritual e se tornam líderes. Isto não apenas se torna um sério
obstáculo na Igreja mas, com o passar do tempo, também provocará um severo
impacto negativo sobre a pessoa que foi assim elevada.
Alguns homens gostam de
exercer autoridade sobre os outros. É um verdadeiro impulso para o seu ego
pensar que podem controlar um grande número de pessoas. Depois que se
convertem e se enchem do Espírito Santo, começam a ver Deus usá-los de muitos
modos, talvez até miraculosamente. De repente se torna muito fácil para eles
impressionar as pessoas e atrair seguidores. Seus dons espirituais só servem
para aumentar suas disposições e habilidades humanas. A menos que esse tipo de
personalidade natural seja humilhada e subjugada por Deus, essas pessoas irão
automaticamente agarrar tanto poder quanto elas possam.
A Igreja hoje está cheia de
tais líderes. Alguns se esforçam para ver quantas pessoas eles podem
influenciar. Fazem alarde para quem quiser ouvir sobre quantas “Igrejas” estão
“debaixo” de seu ministério, sobre quantos “grupos familiares” eles têm ou
quantos novos membros conseguiram recrutar. Muitas vezes tais indivíduos
encontram um modo de tirar de suas Igrejas outras pessoas que estão sendo
levantadas por Deus ou qualquer outro que pareça ser uma ameaça à autoridade
deles. Como sua autoridade tem uma base humana, ela só pode ser defendida por
meios humanos. Contendas, orgulho, ciúme, e muitas outras coisas são evidenciadas
em tais situações. Este tipo de “autoridade” é repugnante para todo aquele que
tem olhos verdadeiramente espirituais. Esses crentes caíram no laço do diabo.
O exercício de autoridade na
Igreja de Cristo é algo muito profundo. Não é uma coisa que se possa analisar superficialmente.
Não estamos tratando aqui de alguma organização ou negócio terrestre. Só porque
alguém tem “capacidade de liderança” no mundo, isso absolutamente não o
qualifica para fazer qualquer coisa na Igreja. Como precisamos examinar
esse assunto com o temor de Deus! Quanto nós homens precisamos nos arrepender
de substituir a autoridade de Deus pela nossa própria! O que se supõe que nós
devamos construir aqui, é algo eterno, algo de substância celestial. Nós
precisamos tomar essa responsabilidade muito seriamente e enfocar o exercício
de autoridade com trêmulo receio de corromper o trabalho de Cristo. O mau uso,
e a má interpretação da autoridade de Deus, é uma das razões primárias pela
qual a Igreja como um todo está em um grau de espiritualidade tão baixo e ainda
não cumpriu sua missão para com o mundo.
OS SERVOS NECESSITAM DE PREPARAÇÃO
Durante o ministério de
Jesus, Ele ensinou muitas coisas aos seus discípulos. Um de seus métodos de
ensino era dar-lhes “retratos” ou exemplos. Uma certa ocasião, os doze notaram
que as pessoas para as quais Jesus estava ministrando estavam ficando famintas.
O dia já estava no fim e eles não tinham nada para comer. Jesus aproveitou essa
oportunidade para mostrar-lhes algo profundo. Sua resposta ao problema foi
dizer aos discípulos que eles deveriam satisfazer aquela necessidade. “Mas,”
eles retrucaram,” temos apenas um pouco de comida (cinco pães e dois peixes),
como podemos fazer algo com isso?” Jesus estava pedindo a eles para realizar
uma tarefa enorme e eles foram capazes de reconhecer que, pela sua capacidade
natural, isso era impossível. Entretanto, Ele tomou em Suas mãos o que eles
tinham e os partiu. CRUNCH, CRUNCH (trituração audível), esmigalhando-se, eu
posso imaginar os assombro deles. Quando Ele acabou, havia mais do que
suficiente para todo mundo.
É assim, então, que Deus age com os seus seguidores.
É assim, então, que Deus age com os seus seguidores.
Sua instrução para nós é que
O ministremos às multidões. Mas o que temos naturalmente não é suficiente para
o trabalho. Mesmo com os nossos dons divinos, só seremos capazes de ministrar
para algumas poucas pessoas no começo. Nossos poucos pães e peixes nunca
poderão satisfazer a maiores necessidades até que eles tenham sido partidos
pelas mãos do Salvador. Deus precisa realizar um trabalho de
quebrantamento em nossas vidas. Para sermos poderosamente usados, instrumentos
para a autoridade sobrenatural, não há outro modo. A força natural deve ser
destruída e nossa essência fraturada, sem possibilidade de reparo. Então,
e só então, estamos qualificados para sermos usados por Deus de maneira ampla.
Isto parece severo? Parece difícil?
E é! Nenhum dos verdadeiros servos do Senhor teve “um tempo fácil.” Morrer
nunca é agradável, mas é o único caminho. A eliminação de nossa força natural é
a única possibilidade. Se não formos profundamente tocados dessa maneira, mesmo
quando estamos dando o melhor de nós para fazer a coisa certa, a carne se
expressará. Freqüentemente estamos completamente inconscientes quando
isto acontece. Nossa imaturidade espiritual nos impede de ver que impressão
nossas atitudes causam nos outros e no mundo espiritual. Muitas vezes não temos
noção da intensidade de nossas próprias forças ou da maldade que espreita
dentro de nós. Em conseqüência, não temos sequer idéia do tanto que precisamos
ser quebrados pela mão de Deus. Mas Nosso Senhor nos conhece intimamente e vê
claramente as áreas de nossas vidas que necessitam de transformação. Por isso a
vida do “ego” precisa morrer. Enquanto ela permanece viva, ela sempre se
manifesta e macula a obra de Deus.
Todos aqueles que serão
grandemente usados por Deus passarão por tempos escuros, difíceis, dolorosos.
Não é que Jesus esteja irado conosco ou que nós tenhamos de algum modo pecado
contra Ele. Não, estas experiências são para aqueles que são especialmente
amados por Ele. Estas são horas de provações para aqueles que são escolhidos
para serem instrumentos do Seu poder e autoridade. Não há dúvida de que tais
indivíduos encontrarão momentos e situações em que eles julgam não poder continuar.
Podem acreditar que não são capazes de suportar nem mais por um minuto a
dificuldade e a dor que estão experimentando. Eles podem não encontrar saída.
Contudo, Deus dá a eles graça suficiente para sobreviver. Durante cada hora de
escuridão e tumulto Ele está lá para ajudar-los. Enquanto eles esperam
que Ele os liberte de sua situação, Jesus os está libertando “através” dessa
situação. Na realidade, provavelmente ele permitiu essas circunstâncias para
trazê-los para um lugar tal, de maneira que Ele possa completar Sua obra
transformadora neles.
Não vamos pensar nessas ocasiões que Deus nos abandonou. A verdade é o oposto. Estas experiências são realmente manifestações do amor divino. Ele está preparando Seus servos para que sejam infinitamente úteis a Ele. Não há outro modo. Se a vida natural persiste, sempre haverá impedimentos e problemas. O Apóstolo Paulo parece estar descrevendo uma dessas horas de provação quando escreve: “Nós somos em tudo atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2ª. Cor 4:8-11). O fato de que ele próprio tenha experimentado tais coisas deveria ser uma fonte de grande consolo para nós.
Não vamos pensar nessas ocasiões que Deus nos abandonou. A verdade é o oposto. Estas experiências são realmente manifestações do amor divino. Ele está preparando Seus servos para que sejam infinitamente úteis a Ele. Não há outro modo. Se a vida natural persiste, sempre haverá impedimentos e problemas. O Apóstolo Paulo parece estar descrevendo uma dessas horas de provação quando escreve: “Nós somos em tudo atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2ª. Cor 4:8-11). O fato de que ele próprio tenha experimentado tais coisas deveria ser uma fonte de grande consolo para nós.
Queridos amigos, por favor,
tenham em mente que este não é um trabalho que vocês possam fazer sozinhos. A
quebra da força natural não é algo que o homem natural possa fazer. Só Deus
pode fazer este trabalho em uma pessoa e Ele o faz à Sua maneira e a Seu tempo.
Tudo o que podemos fazer é nos render a Ele completamente, não retendo coisa
alguma e dando-Lhe permissão para fazer o que Ele quiser em nossas vidas.
A experiência do
quebrantamento leva tempo. Não há substituto para os anos de preparação nas
mãos do Oleiro. Entretanto, este período não é o mesmo para todos. Com alguns,
Deus pode fazer este trabalho gradualmente, em um período de anos e, assim, com
estes, o exercício de autoridade divina também expandirá vagarosamente. Com
outros, o Mestre pode ter um tempo especial em sua experiência, em que Ele faz
um trabalho dramático de quebra. Quando isto acontece, todos ao redor notarão
uma tremendamente rápida mudança no caráter e na personalidade. Provavelmente
logo após isto, Deus começará a usá-los de um modo muito mais poderoso. Mas,
embora Ele trabalhe em nossas vidas, é Ele quem escolhe e faz. Nossa parte é
simplesmente sermos obedientes a Ele.
Estas, portanto, são as
qualificações para transmitir a autoridade sobrenatural: ser chamado, ungido e
preparado por Deus. Nenhum desses itens pode ser desprezado. Não há dúvida de
que Deus deseja usar estes dons que Ele nos deu e também, de alguma forma, as
habilidades naturais com as quais Ele nos equipou. Contudo, nenhuma
destas coisas pode ser muito útil ate nossos forças sejam quebrantadas e Ele
tenha controle completo. Quando nós somos “completos” podemos ser usados muito
pouco por Deus.
4. A FORMA DE UM SERVO
Nesta série de artigos, temos
discutido sobre a autoridade espiritual. Juntos examinamos os dois tipos de
autoridade encontrados na Terra hoje, isto é, a autoridade hierárquica,
“delegada,” e a autoridade espiritual, “transmitida.” Investigamos a
necessidade de sermos capazes de reconhecer a genuína autoridade espiritual e
distingui-la da variedade terrena. E nós vimos como Deus prepara Seus vasos e
então se manifesta à Igreja através deles.
Com tudo isso em mente, somos
levados a uma questão particularmente importante no que concerne à autoridade.
É: Quais são os motivos de uma pessoa para exercer a autoridade? Quando alguém
está agindo ou falando com autoridade, inevitavelmente ele tem um propósito por
trás do que está fazendo. Alem disso, esses motivos revelam claramente a fonte
de tal autoridade. Por exemplo, quando os impulsos vêm de Deus, a autoridade é
Ele. Ele é quem está se revelando. Por outro lado, quando um desejo de dominar
surge do interior do indivíduo, ambições egoístas certamente existirão.
Consequentemente, compreender as motivações ocultas na autoridade que está
sendo demonstrada em nós mesmos ou nos outros, pode ser um instrumento valioso para
entender a fonte de tal autoridade. Lembremo-nos que os pensamentos e as
intenções do coração humano (especialmente o nosso próprio) são frequentemente
difíceis de serem percebidos. Portanto há uma grande necessidade de abrirmos
sinceramente nossos corações e mentes para a iluminação do Espírito Santo e de
nos humilharmos diante Dele enquanto examinamos, juntos, as Escrituras.
Já que Nosso Senhor Jesus
Cristo foi o exemplo supremo da verdadeira autoridade espiritual, vamos dar uma
olhada em Sua vida e ensinamento. Quando Jesus andou pela Terra com Seus
discípulos, Ele gastou uma grande parte do Seu tempo ensinando-os. Seus métodos
de ensino eram variados e únicos. Comumente Ele os instruía através de
ilustrações gráficas, além de palavras. Foi pouco antes do culminação de Seu
trabalho na Terra, enquanto estavam reunidos comendo o que chamamos “a última
ceia,” que Jesus escolheu fazer uma poderosa demonstração de autoridade a eles.
A hora que Ele escolheu para esse ato, o verdadeiro clímax de Seu ministério, é
evidência da tremenda importância que Ele atribuiu ao assunto.
Enquanto eles estavam comendo
juntos, Jesus levantou-se da mesa, tirou Sua roupa de cima e cingiu-se com uma
toalha. Ele se vestiu como um servo. Então prosseguiu executando a função
do menor escravo – lavar os pés dos discípulos. Ali estava o Deus encarnado, o
Criador do Universo, Aquele que tinha o direito de exercer toda a autoridade,
agindo como um criado pessoal. Sem dúvida, Ele estava tentando transmitir uma
mensagem muito importante. Ele estava assinalando, tão enfaticamente quanto
podia, a verdadeira atitude e posição daqueles que exercem autoridade
espiritual e liderança. Enquanto tomava esta atitude, Ele disse: “Vós me
chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou. Ora, se Eu, sendo o
Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos
outros. Porque Eu vos dei o exemplo para que, como Eu vos fiz, façais vós
também” (João 13:13-15). Então Ele conclui Sua mensagem dizendo: “Se sabeis
estas coisas, bem aventurados sois se as praticardes” (vs 17).
Isto então nos revela a
motivação Escriturística da verdadeira autoridade espiritual. Aqueles que são
usados por Deus para transmitir Sua autoridade devem ser servos. Sua atitude e
sua disposição não é para estabelecê-los como “alguém,” isto é, chefes e
senhores, mas para tomarem a posição mais inferior. Eles devem usar seus
dons divinos para servir aos outros em vez de se elevarem a si mesmos. As ações
de Jesus são muito mais do que apenas a base para uma nova cerimônia de
lava-pés na Igreja. Aqui nosso Instrutor Divino nos mostrou um tremendo
princípio que governa todo o exercício de autoridade espiritual entre Seu povo.
O que isto significa em nossa
experiência prática? Significa que, quando Deus começa a usar alguém como
um canal para Sua autoridade e, consequentemente, ele começa a ser elevado aos
olhos das outras pessoas, ele próprio não tem interesse em ser assim elevado.
Seu coração não está sintonizado em si próprio ou em algum tipo de “posição” mas,
ao contrário, está inclinado a servir ao próximo. Ele foi humilhado por Deus e
então se tornou, em cada sentido da palavra, servo. A ambição de sua vida não é
mais tornar-se “alguma coisa” na Igreja, mas levantar outros para ser o que
Deus quer que eles sejam. O “Eu” não é mais a motivação. Ao contrário, o bem
dos outros tornou-se a força dominante governando suas ações. Esta é a pessoa
que realmente entendeu a mensagem de Deus e assim se tornou muito útil ao Seu
reino. Por outro lado, se alguém não tem esta atitude no seu íntimo, então não
está verdadeiramente qualificado para o ministério espiritual.
Aqueles que são realmente
instrumentos de Deus não estão tentando “construir seu próprio ministério.” Sua
motivação nunca é “construir uma Igreja maior que a dos outros” ou manter sob
sua influência o maior número possível de pessoas. Não estão criando seus
próprios impérios ou reinos usando o nome de Jesus e a Palavra de Deus como um
pretexto para uma vida de servir-se a si mesmo. Estas não são pessoas que
gostam de controlar as outras e de aproveitar a aura de ser “o homem ou a
mulher de Deus.” Eles são simplesmente servos trabalhando para o bem dos
outros. Tal autoridade nunca é pesada ou exigente demais porque a pessoa que a
manifesta não pretende tirar proveito pessoal dela. É uma autoridade com uma
motivação completamente diferente de qualquer coisa humana. Este tipo de
liderança só pode vir de outra fonte. Ele revela o verdadeiro caráter de Deus.
“TÍTULOS” NO NOVO TESTAMENTO
Os “títulos” que o Novo
Testamento usa para descrever os servos de Deus refletem muito fortemente a
verdade acima. No texto original, a idéia de homens e mulheres reinando e
governando sobre os outros na Igreja, é completamente ausente. Porém, em muitos
casos, o verdadeiro significado da terminologia foi grandemente alterado ou
mesmo completamente perdido para a nossa geração moderna. Talvez o melhor
exemplo deste problema seja a palavra “ministro”. Hoje, um “ministro” é alguém
que “comanda” a Igreja. Esta pessoa tem um título oficial, uma posição
religiosa, talvez tenha também ornamentos especiais que veste para
distinguir-se dos outros e, em geral, é elevado acima dos outros. Geralmente se
espera dos membros um maior grau de respeito, semelhante ao que alguém daria a
um dignitário político.
Contudo, a revelação da
Escritura sobre o que é ser um “ministro” é muito diferente. Há realmente três
diferentes palavras gregas que são traduzidas por esta palavra “ministro.” A
primeira é DIAKONOS. Significa “servo” ou “atendente.” A segunda palavra,
LEITOURGOS, se refere a alguém que serviu o público de uma maneira especial,
por sua própria conta. A terceira palavra HUPERTES originalmente significava
“remador inferior,” que era uma classe mais baixa de marinheiros. Mais tarde
veio a significar qualquer ação subordinada sob a direção de outro. Algumas
outras palavras que se relacionam com o pensamento de serviço espiritual são:
DOULOS, um escravo cativo;
OIKETES, um servo doméstico; MISTHOIS, um servo contratado; e PAIS, um servo
menino. (Definições do Vine, Dicionário de Palavras do Novo Testamento.)
Nada em qualquer destas
palavras sugere o conceito que comumente encontramos na Igreja hoje. Servos não
dizem o que fazer àqueles a quem estão servindo. Eles não são aqueles que
reinam e governam sobre os outros. Ao contrário, sua função é assistir
aos outros, servindo-os de maneira humilde. Nestes termos não descobrimos
exaltação do “ego,” elevação aos olhos do mundo e nem posição especial de
respeito social. De fato, o oposto é que é verdade. O uso de tal terminologia
sugere que tais pessoas se humilharam e se tornaram servos genuínos, seguindo o
exemplo de Nosso Senhor Jesus por toda a Sua vida (Filipenses 2:8). Por esta
breve investigação, parece que a palavra “ministro” tornou-se tão mal empregada
na Igreja hoje que virtualmente passou a significar o oposto do que significava
no tempo de Jesus.
FUNÇÕES DE SERVIÇO
Creio que está na hora de
todos nós fazermos um sério reexame de nossos conceitos sobre o que Deus tenta
transmitir a nós em Sua Palavra. Quando tal terminologia como apóstolo,
profeta, pastor, ancião, etc., é usada, qual é o pensamento de nosso Mestre por
trás dela? Pela nossa discussão, é óbvio que estes não podem ser títulos ou
rótulos significando posições especiais de importância na Igreja. Isto estaria
em contradição direta com o claro ensino e exemplo de Jesus. Portanto,
precisamos aspirar mais além, até que vejamos na luz de Deus, uma revelação que
esteja em harmonia com todas as Escrituras.
Em vez de serem consideradas
como títulos posicionais, estas palavras como “pastor,” “apóstolo” e “ancião”
poderiam ser entendidas simplesmente como descrições de certas funções de
serviço no corpo de Cristo. Talvez isto seja mais bem ilustrado pelo uso de
analogias terrenas já que não temos quaisquer preconceitos religiosos
concernentes a elas. Por exemplo: Qualquer um pode ir pescar. Mas, quando
alguém pesca frequentemente e se torna um adepto de “pegar peixe,” então você
pode dizer que ele é um “pescador.” Este não é seu título ou algum tipo de
posição, mas uma descrição do que ele faz. Semelhantemente, muitas
pessoas podem consertar uma torneira vazando, mas quando elas fazem
regularmente este tipo de trabalho e tornam-se boas naquilo que fazem, então
são consideradas “encanadores.” Assim também na Igreja. Deus determinou para
cada um tarefas especiais. Hoje nós poderíamos chamá-los “ministérios.” Estas
são áreas únicas de serviço através das quais nós cuidamos do corpo de
Cristo. Quando alguém é regularmente usado por Deus na área de profecia e
se torna conhecido pelo seu exercício desse dom, então ele pode ser chamado de
profeta. Quando alguém é especialmente mandado por Deus para estabelecer e
manter Igrejas, então ele é conhecido como um apóstolo, que significa
“enviado.”
Quando esta palavras que hoje
são consideradas como títulos ou posições na Igreja eram vistas como simples
descrições de funções de serviço, todo o conflito com os ensinamentos de Jesus
desaparece. Em vez de ser um meio de elevar certos indivíduos talentosos sobre
os demais, elas são, na realidade, um meio de descrever que tipo de servos
estas pessoas são. Esta idéia é fortemente justificada quando verificamos como
estas palavras não são usadas no novo Testamento. Por exemplo, as Escrituras
nunca usam a frase “o Apóstolo Paulo” designando um título. Ao contrário, nós
lemos “Paulo, o apóstolo,” o servo, alguém que foi enviado por Outro para
executar um serviço para a Sua Igreja. Nunca encontramos “Ancião Pedro,”
“Reverendo Tiago” ou “Pastor João” na Biblia. Algo completamente diferente
disto está na mente de Deus.
Não apenas estas diversas
descrições ministeriais não são usadas como títulos no Novo Testamento, mas
Jesus rigorosamente proibiu o uso de títulos entre os Seus seguidores. Quando
Ele disse: “A ninguém sobre a Terra chameis vosso pai” (Mat 23:9), isto não era
simplesmente uma proibição usando uma mera palavra. Era claramente uma
instrução contra a elevação de certos indivíduos a uma posição de proeminência
pelo uso de um título. Ele explica, dizendo: “Porque vocês são todos irmãos.”
Vocês são todos iguais. Vocês são todos do mesmo nível. Ninguém consegue ser
maior, melhor ou mais importante que o outro. Ele reforça a verdade insistindo
“Vós, porém, não sereis chamados mestres ou senhores (alguns antigos textos
gregos dizem líderes em vez de senhores)” (Mat 23:7-10). Isto indica claramente
que todo uso de palavras especiais para distinguir e elevar um crente sobre o
outro é contrário ao claro ensinamento da Palavra de Deus. Glória a Deus,
todos os títulos são reservados para Jesus! Ele é o “Rei dos Reis” e o “Senhor
dos Senhores.”
A ORDENANÇA DIVINA
Hoje, em círculos cristãos,
muitas pessoas estão ensinando sobre ordenança divina. O pensamento básico por
trás desta instrução parece ser o de que existe um tipo de hierarquia, uma espécie
de cadeia de comando dentro da Igreja de Deus e que, quando nós a reconhecemos,
nos submetemos e “entramos em sintonia com ela,” nós praticamos a vontade de
Deus e experimentamos uma bênção. Nesta “cadeia de comando” os apóstolos estão
no topo, então vêm os profetas, os evangelistas, etc. Outros grupos talvez
coloquem o “pastor” como líder, os anciãos logo abaixo dele e então os
diáconos, professores da escola dominical e assim por diante, descendo a linha.
Embora haja muitas variações sobre este tema, os fundamentos geralmente são os
mesmos: que existe um tipo de pirâmide semelhante a uma corporação ou governo
terreno dentro da Igreja. Quanto mais eles insistem, é através desta estrutura
que Deus lidera Seu povo.
Com isto em mente, vamos ler
juntos a Escritura. “Mas Jesus os chamou para Si e disse: “Sabeis que os
governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre
eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será o
vosso servo; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para
servir e dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mat 20:25-28). No relato de
Lucas, descobrimos que estes reis que exerceram liderança foram chamados
“benfeitores.” Em outras palavras, eles estão reinando para o “benefício” dos
que estão abaixo deles. Com referência a esta idéia, Jesus disse: “...pelo
contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o
que serve” (Lucas 22:25-27).
Aqui encontramos a verdadeira
ordenança divina. Dentro da Igreja deve ser exatamente o oposto do modo
como é no mundo. Enquanto o mundo tem uma hierarquia e uma cadeia de comando,
na Igreja de Deus não deveríamos encontrar algo semelhante. Esta atitude foi
rigorosamente proibida por nosso Deus! Não importa o que os outros estejam
fazendo. A prática popular ou costumes de nossos tempos não tem sustentação
neste assunto. Fomos chamados a obedecer a Jesus. Muitos de nós comumente
afirmam que crêem na Bíblia e que as palavras ali registradas são da maior
autoridade. Como então podemos permitir a opinião popular e métodos atuais para
controlar nosso trabalho para o Senhor?
VERDADEIRA LIDERANÇA
Este é, então, o plano de
Deus. Aqueles que estão sendo usados por Deus para transmitir Sua autoridade
têm uma atitude completamente diferente daqueles que têm autoridade no mundo.
Eles não têm a intenção de “exercer autoridade” sobre outro irmão ou irmã, mas
estão simplesmente expressando a vontade de Deus de acordo com a Sua direção.
Estes homens e mulheres nunca chegam a uma posição de serem maiores que os
outros ou de estarem acima deles, mas são servos usando seus dons para edificar
os outros. O próprio Paulo disse, referente á autoridade manifesta através
dele, “não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores
de vossa alegria” (2ª. Cor 1:24). Embora algumas versões portugueses da Bíblia
traduzam 1ª. Tess 5:12 como se alguém estivesse “sobre” o outro no Senhor, a
palavra em grego é PROISTEMI, que significa basicamente “andar em frente” e não
reinar sobre. Como já vimos, o conceito completo de Jesus e das Escrituras é
tornar-se um servo, não um soberano. Embora alguns possam estar à frente de outros
em termos de maturidade espiritual, isto não significa que eles devem dominar
sobre o corpo de Cristo.
Talvez seja útil aqui
investigarmos o que o conceito de liderança requer. “Liderar” no sentido
bíblico não significa comandar, ordenar ou, de modo algum, exercer autoridade
“sobre.” Ao invés disto, significa que alguém vai á frente como um exemplo. O
resto, vendo este exemplo, imagina que vem de Deus e o segue. Este é exatamente
o modo como agia um verdadeiro pastor nos tempos de Jesus. Ele desenvolvia uma
relação íntima com seus animais. Eles o conheciam bem e confiavam nele. Assim,
quando ele deixava o aprisco, eles o seguiam sabendo, por experiência, que ele
os levaria para pastos mais verdes. Estes pastores não dirigiam as ovelhas por
trás. Eles não mandavam uma ordem para as ovelhas se moverem para um
determinado lugar. Era o seu exemplo e a sua fidelidade que os fazia
líderes. Esta é a autoridade no Novo Testamento. É um trabalho de amor,
demonstrando pelo exemplo e fidelidade, a vontade de Deus.
É interessante que Deus tenha
escolhido termos como “ancião” ou “pais” para descrever aqueles que eram mais
maduros no Senhor. Estes termos (em oposição a “general” ou “governador”, por
ex.) foram cuidadosamente escolhidos para expressar o pensamento de Deus. Se
você pensar sobre isto, irá perceber que há um importante aspecto em ser um pai
ou um avô, que é completamente diferente de alguém que está no comando.
Simplesmente, um pai tem em mente o bem-estar de seus filhos. Não é problema
para um pai que seus filhos se tornem maiores que ele. De fato, é seu objetivo
que o superem. Se eles podem ser mais bem educados, mais felizes, mais ricos,
ter uma casa e uma vida melhor, é uma grande alegria para ele. Sua meta é
servi-los e ajudá-los a prosperar em todas as áreas. Os pais devem ser,
no verdadeiro sentido, servos de seus filhos.
Semelhantemente, o objetivo
de um sincero servo de Deus é edificar os outros. Seu trabalho é manifestar a
realidade de Jesus a eles de modo a encorajá-los a se tornarem verdadeiros
discípulos. Nossa tarefa é servir aos outros, não a nós mesmos. Nosso
privilégio é encorajar os outros a seguir Jesus de modo que, se possível, eles
se tornem “maiores” do que nós. Se eles se tornarem mais sábios, mais
poderosos, mais usados por Deus ou mais reconhecidos, isto deveria ser para nós
uma fonte da maior bênção. Já que nós somos servos deles, é somente alegria
para nós quando eles são exaltados. Este é um cumprimento de nosso ministério:
fazer com que outros se tornem tudo o que Deus quer que eles sejam.
Contrastemos isto com o que
acontece no mundo hoje. Em política, negócios, esportes, teatro e
qualquer outra atividade, as pessoas estão batalhando pelo topo. Eles querem
ser os maiores e os melhores, os mais ricos ou os mais famosos. Muitas vezes
esta competição para ser grande se torna uma feia manifestação da natureza
humana caída. Conflitos de poder, mentiras e decepção se tornam parte do
processo. Não admitir fraqueza ou falha, não deixar os outros saberem como
realmente você é por dentro – estas são as necessidades absolutas para seguir
em frente. As aparências se tornam muito mais importantes que a realidade
porque isto é o que influencia os outros. Assim, a hipocrisia corre
desmedida. Em resumo, muitos habitantes desta Terra estão diariamente
envolvidos na luta pelo poder. Eles tentam se elevar acima dos outros ao mesmo
tempo em que tentam evitar que os outros chegar na frente.
QUAL É A NOSSA CONDIÇÃO HOJE?
Como então encontramos a
situação da Igreja hoje? Com qual dos dois exemplos acima poderíamos comparar
as práticas que encontramos na casa de Deus? Infelizmente, é comum que
seja a segunda a descrever a situação da Igreja. O desejo humano de se elevar é
encontrado em muitos púlpitos. A tendência de manter os outros abaixo também
está ali. O desejo de se tornar mais e mais poderoso, influente e famoso,
motiva mais do que uns poucos ministros hoje. A norma hoje é descobrir “quantas
pessoas” um líder tem em “sua” Igreja. Quantas Igrejas ele tem afiliadas ao seu
ministério? Quais são os números? Quanto sucesso? Quão grande este servo se
tornou?
Esta prática tem ido tão
longe que eu tenho ouvido falar que algumas escolas bíblicas até mesmo ensinem
aos futuros líderes técnicas especiais para manter sua autoridade. Eles
entendem bem que, se as pessoas virem o lado humano destes líderes, elas terão
dificuldade em reconhecer sua autoridade. Então eles as instruem a se manterem
afastadas da congregação. Eles as advertem a não se tornarem amigas “daqueles
que estão nos bancos da Igreja” e a não deixar os outros saberem sobre seus
problemas pessoais. Se elas o fizerem, então as pessoas não irão respeitá-las
ou acatar a sua autoridade. Isto não apenas resulta no estabelecimento de uma
falsa autoridade na Igreja, mas também condena o líder que está assim
embaraçado a uma experiência cristã isolada e, portanto, incompleta. Este tipo
de autoridade humana é completamente estranha à compreensão neotestamentária da
Igreja.
Também não é incomum
encontrar líderes cristãos lutando para manter sua posição na Igreja. Quando
alguém mais começa a ser elevado por Deus na congregação e a ser reconhecido e
respeitado pelos outros como tendo uma mensagem de Deus, então o atual líder
pode encontrar um meio de se ser livre daquela pessoa. Manda-a embora da Escola
Bíblica. Deixa que ela tenha sua própria Igreja. Acusa-a de ser rebelde e a
atira para fora. Qualquer método é válido, desde que preserve a posição de quem
está no poder. Acusações, medos e competição, todas formam a base da luta
carnal pelo poder.
Por outro lado, a verdadeira
autoridade espiritual flui de Deus. Ninguém realmente usado por Deus necessita
lutar para ganhar uma posição ou ministério. Jesus é quem levanta líderes
entre Seu povo. Líderes genuínos nunca se alçam pela própria habilidade de pregar
e ensinar e em geral influenciar os outros a pensar bem deles. O rei Davi, por
exemplo, era um humilde pastor, mas o Senhor o escolheu para dirigir seu povo.
Muitos dos profetas eram nada até que Deus tocasse em suas vidas e começasse a
fluir através deles. Ministério não é um produto de ambição, mas um resultado
de intimidade com Deus. Aqueles que são realmente usados por Deus são aqueles
que servem aos outros mais do que a seus próprios “egos.” Estas são as obras
que permanecerão no dia do julgamento.
Também, nunca há a
necessidade de defender nossa “posição” ou ministério. Um servo verdadeiro não
tem posição para defender. Ele está simplesmente à disposição de Deus para ser
usado ou não, conforme aprouver a seu Senhor. Quando a liderança de Moisés foi
desafiada, sua resposta foi lançar-se sobre a sua face diante de Deus. Ele
sabia que era o Senhor que o estava usando e que era o Seu poder que o estava
sustentando. Força humana e raciocínio só iriam macular o testemunho do que
Deus estava fazendo através dele. Deus irá defender o que é verdadeiramente
Dele. Nada irá impedir que Sua vontade seja feita com o passar do tempo. Nunca
há necessidade de um esforço humano para garantir a obra de Deus.
Disputas, contendas, debates,
conflitos de poder, etc., são obras da carne. Humildade, bondade e brandura são
uma evidência do Espírito Santo. Se estamos mordendo e devorando uns aos
outros, isto certamente causará destruição na família de Deus (Gal 5:15). Se
nós formos tocados profundamente humilhados por Deus para sermos servos do Seu
povo, nossa obra trará bênção e ministério para todos ao redor. Esta é uma
grande necessidade de hoje. Não ouvir aqueles que estão usando as coisas de
Deus para se elevarem e edificarem seus próprios ministérios, mas receber daqueles
humildes através dos quais Deus está se manifestando.
Um dia, quando os doze
estavam caminhando com Jesus, iniciaram um debate. Estavam disputando quem
seria o maior quando Jesus se tornasse rei. O Senhor usou esta oportunidade
para tentar mostrar-lhes, de novo, algo sobre como Ele pretendia que o Seu
corpo funcionasse. Ele tomou uma pequena criança e a sentou ao Seu lado,
dizendo algo muito profundo: “Aquele que entre vós for o menor de todos, esse é
que é grande” (Lucas 9:48). Uma outra vez, dois dos homens estavam
fazendo uma solicitação especial para posições de autoridade. Jesus fez
de novo um pronunciamento que é exatamente o contrário do nosso modo normal,
humano, de pensar. Nós lemos : “quem quiser tornar-se grande entre vós, será
esse o que vos sirva. E quem quiser ser o primeiro entre vós, será o vosso
servo –tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para
servir” (Mat 20:26-27).
O PERIGO DO RECONHECIMENTO
Temos falado sobre a
necessidade de humildade na obra de Deus e como um verdadeiro líder é realmente
um servo. Entretanto, é inevitável que, quando Deus começa a usar um
instrumento humano, algumas pessoas começarão a se impressionar e, pelo menos
em suas próprias mentes, o elevarão a algum tipo de posição. Quando a verdadeira
autoridade espiritual é expressa, frequentemente resulta na obtenção de um tipo
de autoridade a seus líderes. Isto coloca o servo de Deus em uma posição
perigosa. Uma vez que homens, mesmo que somente em suas próprias mentes,
colocaram tal pessoa nesta situação, é uma tentação constante a de usar esta
autoridade terrena. Em vez de continuar a confiar em Deus, torna-se possível
para o servo de Deus recorrer a táticas humanas. Quando se levantam situações
adversas, torna-se fácil tomar suas próprias decisões e tomar negócios em suas
próprias mãos. De modo interessante, quanto mais o vaso é usado por Deus, maior
se torna o perigo.
Novamente a história de
Moisés se torna um exemplo para nós. Ele foi um homem que se tornou um canal
para a autoridade de Deus de uma maneira notável. Ele provou ser quase
completamente obediente em seu ministério. Mas, uma vez, apenas uma vez, ele
perdeu seu controle e escolheu usar sua própria autoridade para satisfazer às
necessidades do povo. Em vez de, obedientemente, falar à rocha como Jeová o
tinha instruído, Moisés iradamente bateu na rocha com seu cajado. Deus o honrou
em sua posição e derramou água da rocha (Num 20:11). Entretanto, este ato muito
custou a Moisés. Através deste único uso da autoridade humana, natural, sua
entrada na Terra de Canaã lhe foi negada. Este acontecimento demonstra
claramente como Deus considera importante a distinção entre estes dois tipos de
autoridade.
Todos os servos de Deus
deveriam colocar isso no coração. Quando Deus os usa e eles são elevados aos
olhos do povo, devem ser cuidadosos para manifestar apenas a autoridade do
Espírito Santo que flui através deles. Qualquer autoridade natural ou
posicional é desqualificada, mesmo que pareça estar conseguindo atingir os
objetivos desejados. Mesmo que a vontade de Deus pareça bem clara para os
líderes. Qualquer uso da autoridade natural, cargo, dom, ministério, à natureza
carnal, não produzirá resultados espirituais. De fato, não pode. A Escritura
diz: “Aquilo que é torto não se pode endireitar” (Ec 1:15). Nada que comece na
esfera terrena pode produzir fruto espiritual.
Este é, então, o modo de
Deus. O homem ou a mulher que deseja agradar a Deus deve se tornar um
servo. Devemos nos humilhar diante do Senhor e dos nossos irmãos em
Cristo, em vez de agir à maneira do mundo. Ao invés de procurar a
exaltação aos olhos dos homens para podermos controlá-los e desse modo
“ajudá-los” nos caminhos de Deus, devemos escolher sermos modestos. Desta
forma, apenas aqueles que estão realmente querendo ouvir a voz de Deus irão
ouvi-Lo falar através de nós e serão obedientes. Este foi exatamente o modo
como Nosso Senhor Jesus Cristo viveu enquanto esteve na Terra. Não apenas Ele
tinha o direito e a autoridade para exigir obediência, mas Ele tinha o poder
para forçar as coisas a andar ao seu modo. Não obstante, em vez de usar este
poder, nós lemos: “Quem, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus, antes a Si mesmo se esvaziou, assumindo a forma
de servo, tornando-se em semelhança de homens, e, reconhecido em figura humana,
a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”
(Fil 2:5-8). Queridos irmãos e irmãs. Este é o caminho. Ele é uma Pessoas
Maravilhosa. Que nós possamos penetrar na completa experiência de Sua
realidade.
5. A CABEÇA DE CADA HOMEM
Muitos cristãos gostam de ler
a Palavra de Deus para descobrir o que Deus tem feito e ainda fará por
eles. Esta é uma procura das riquezas de Deus que estão disponíveis a
eles através da fé. Esta é uma busca maravilhosa. O tempo gasto na presença do
Senhor, meditando em Sua Palavra, nos alimenta espiritualmente, fazendo-nos
crescer. À medida que crescemos, começa a se formar em nós a percepção de que o
universo não é centralizado no homem. Conforme o cristão amadurece, começa a
compreender que foi feito por Deus e que Deus não existe simplesmente para seu
benefício.
Talvez mais profundo do que
aprender o que Deus pode fazer e fará por nós, é, em primeiro lugar, considerar
porque Ele nos criou. Possivelmente nos beneficiaria grandemente entender mais
sobre suas divinas intenções concernentes à humanidade. Por exemplo, uma
revelação mais profunda dos propósitos de Deus em criar um ser assim como o
homem, pode nos ajudar grandemente a compreender o trabalho que ele está
fazendo dentro de nós e através de nós. Saber o porquê nós somos feitos irá
indubitavelmente nos ajudar a compreender a vontade de Deus para nossas vidas.
Desse modo, armados com este conhecimento, podemos mais facilmente enfrentar as
tribulações e juízos usados por Ele para atingir Suas metas. Com isto em mente,
vamos examinar juntos algumas passagens das Escrituras.
Quando Deus fez o homem, em Gênesis,
Ele disse: “Que eles tenham o domínio” (Gen 1:26). Isto revela algo.
Nosso Criador nos fez à Sua imagem e semelhança para sermos soberanos – para
reinarmos sobre a Terra. Parte de Sua intenção era que os seres humanos fossem
mais que servos. Eles deveriam ser soberanos governadores sobre o mundo criado.
Em outra passagem, o salmista Davi, sem dúvida meditando sobre esta profunda
verdade, exclama: “O que é o homem para que vós vos importeis com ele? E o
filho do homem para que o visiteis? Vós o fizestes um pouco menor que os anjos,
vós o coroastes com glória e honra. Vós o fizestes para ter o domínio sobre
todas as obras de Vossas mãos” (Salmo 8:4-6). Quando alguém é coroado, isto
fala de realeza e soberania. Fala de autoridade e governo. E quem fez isto ao
homem? Foi Deus mesmo que estabeleceu o homem nesta posição, reinando sobre Sua
criação! Esta não é uma pequena consideração. O Deus Todo Poderoso fez o homem,
coroou-o com glória e honra e então o mandou governar o mundo.
Este plano não é apenas
revelado no Velho Testamento, mas também no Novo nós descobrimos que este era o
plano definitivo de Deus. Nós vamos nos tornar, pela obra de Cristo, “reis e
sacerdotes” para Deus (Ap 1:6). Devemos “reinar na Terra” (Ap 5:10). Devemos
“reinar em vida” através de Jesus Cristo (Rom 5:17). Estas escrituras
demonstram, sem sombra de dúvida, que Deus tem essa maravilhosa intenção para o
homem. Quando nosso Pai nos criou, tinha em mente este fato importante:
que nós iríamos reinar sobre a Sua criação. Ora, todos nós sabemos que o Senhor
é o Supremo governante do universo. Ele ainda está sentado no trono do céu. Além
disso, Ele não vai renunciar á Sua posição. Então como vamos compreender o fato
de que Ele formou um outro ser à Sua própria imagem e Semelhança e o
estabeleceu como um rei? É evidente que isto não foi feito porque o Ancião de
Dias envelheceu muito, está prestes a se aposentar e, então, necessita de um
substituto. Não, Nosso Senhor não tem intenção de abdicar o controle do
Universo. Ele não vai transferir todas as coisas para nós.
DEUS NÃO É UM SHOW-MAN
Parte da compreensão deste
mistério deve estar no fato de que nosso Deus não é um exibicionista. Isaias
declara: “Verdadeiramente, Tu és Deus que Te ocultas” (Isaias 45:15). É parte
da natureza divina do nosso Deus não fazer coisas de uma maneira exibicionista,
mas sim permanecer escondido. (Por falar nisso, como esta verdade se reflete na
obra que você está fazendo em Seu nome?) Mesmo a presente criação é um exemplo
de seu trabalho secreto. Embora a criação O revele, somente aqueles que estão
abertos para Ele podem perceber isto. Também o atual trabalho glorioso que ele
está fazendo em Seus filhos é uma coisa oculta.
O Deus invisível, o Criador
do Universo, escolheu permanecer na retaguarda e revelar-se através de um ser
que ele criou - o homem. Este Deus revelou-se mesmo em Cristo Jesus dois mil
anos atrás. Hoje, Ele deseja se manifestar através de Seus muitos filhos.
Ele está se manifestando a nós para que possa ser revelado ao mundo e até mesmo
ao Universo desconhecido. No futuro, isto também será verdadeiro. Aqueles
crentes que foram fiéis a Ele serão coroados com glória e honra e colocados
para reinar sobre a criação de Deus.
Assim, nós vemos que o
propósito de nosso Deus é (e tem sido sempre) permanecer oculto, escolhendo
reinar através destes representantes que Ele criou. Os homens, transbordantes
de Deus e debaixo de Seu controle, devem manifestar Sua autoridade sobre a
Terra. Esta não é autoridade deles próprios. Eles não estão escolhendo ou
agindo de acordo com sua própria vontade. Na verdade, eles estão agindo pelo
Espírito de Deus para exercer Sua autoridade. Ele, estando neles, está
governando através deles. Eles são a manifestação de ambos: Sua natureza e Sua
autoridade.
Esta compreensão de que Deus
pretende reinar e governar através do homem, se harmoniza perfeitamente com o
que nós estivemos vendo nos capítulos anteriores. O papel do homem no plano
divino é ser um vaso, um condutor através do qual a autoridade de Deus flui. Um
homem nunca se torna uma autoridade por si mesmo, mas é simplesmente um canal
através do qual a autoridade sobrenatural é transmitida. Nós estamos agora num
tempo de preparação e treinamento. Algum dia, em breve, os filhos de Deus serão
manifestos (Rom 8:19). Louvado seja Deus pelos Seus magníficos desígnios.
SOMOS REALMENTE SUBMISSOS?
Nos capítulos precedentes,
estivemos discutindo como é que Deus usa os homens como vasos de Sua
autoridade. Sua vontade é revelada através daqueles que são íntimos Dele
e abertos a Ele. Estes homens e mulheres, então, são canais para a autoridade
divina e servem como líderes entre o rebanho. Através de tais líderes, o povo
de Deus pode ser dirigido pelo Altíssimo e se mover em harmonia com Ele para
completar Seus planos.
Entretanto, este plano
maravilhoso só pode funcionar com uma condição: para receber verdadeira
autoridade espiritual de outro, todos nós precisamos estar genuinamente
submissos a Deus. Ele deve se tornar nossa “cabeça”. Quando nosso joelhos já se
inclinaram e a nossa vontade já se dobrou para que realmente estejamos
desejosos de obedecer a Deus em qualquer circunstância, somos capazes de ouvir
Sua voz falando através de outros. Se, por outro lado, nós estamos secretamente
resistentes à direção de Deus (especialmente se ela contradiz a nossa) ou se
não estamos sinceramente desejando conhecer a vontade de Deus, todo exercício
de autoridade espiritual será em vão. Quando as pessoas não podem ou não querem
submeter-se a Deus e a ouví-Lo individualmente, certamente elas vão se submeter
a outros falando a elas com autoridade espiritual.
Isto é igualmente verdadeiro
se somos um daqueles irmãos ou irmãs que não podem ouvir ninguém mais. Há
muitos cristãos hoje que se incluem nesta categoria. Eles simplesmente
não conseguem ser humildes o bastante para receber coisa alguma através de
outro homem. É um insulto ao seu orgulho. Imaginam que Deus falará tudo
diretamente a eles “através do Espírito”, não necessitando usar ninguém mais.
Portanto, o pensamento de instrução ou direção de um outro, parece-lhes o
caminho errado e estão constantemente resistindo a qualquer colocação que um
outro irmão possa ter para suas vidas. Eles são irmãos rebeldes que, embora
possam ter a aparência superficial de cristandade, não estão muito abertos à
liderança de Deus.
Isto, meus queridos irmãos e
irmãs, não é uma pequena consideração. De fato, é de importância
fundamental. Porque Deus instituiu a autoridade governamental na Terra?
Fez isso porque a humanidade não estava desejosa de obedecê-Lo diretamente. Por
que ele permitiu que Israel tivesse um rei? É porque o povo não desejava
segui-Lo (1ª. Sam 8:7). E porque nós temos hoje tanta autoridade humana e
terrena dentro da Igreja de Deus? É o resultado da rebeldia dos crentes que se
recusaram a responder à verdadeira autoridade espiritual.
Quando nós recusamos o falar
interior de Deus, a única opção que se apresenta é um tipo exterior de
controle. Se não somos suscetíveis ao Seu Espírito, então precisamos ser
subjugados pela Sua Lei. Esta é uma verdade muito importante. A menos que todos
nós possamos chegar a um ponto onde nosso ser inteiro seja completamente
submetido a Deus, ainda não estamos prontos para andar com o Senhor e para
sermos sensíveis à autoridade espiritual. Faltando isto, nós só seremos
dirigidos por ordens superficiais, princípios do Novo Testamento, “guias
espirituais” e líderes terrenos. Deste modo, nós podemos produzir algo que
aparentemente é uma metódica e disciplinada igreja ou grupo, mas faltará um
ingrediente essencial–verdadeira submissão ao Senhor.
O SENHOR DE TODOS.
Quando trazemos pessoas ao
Senhor, ou mesmo quando chegamos nós mesmos a Cristo, precisamos afirmar uma
verdade que frequentemente é negligenciada.
Quando recebemos Jesus
Cristo, precisamos recebê-Lo por ser Ele quem é. E quem é Ele? Ele é o Senhor.
Ele é o “cabeça” do corpo. Ele não é apenas o Salvador, mas, também o Senhor.
Resumindo, Ele é a autoridade absoluta no Universo. Portanto, se nós estamos em
alguma medida indesejosos de submeter cada aspecto de nosso ser ao Seu
controle, nós estamos apenas jogando um jogo com Deus. Nós somos hipócritas.
Nós o honramos com nossas palavras, mas nosso coração não é realmente Dele.
Falando sobre submissão a
Jesus, queremos dizer: Ele deve ter permissão para controlar nossas ações,
nossas palavras, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas opiniões,
nossos desejos e cada outro aspecto de nossas vidas. Isto não significa que,
ocasionalmente, fazemos algumas coisinhas que a Bíblia manda, ou que nós não
fazemos umas poucas coisas que são contra as regras. Não está em vista tal
submissão tão superficial. Todo cristão deve, mais cedo ou mais tarde, chegar a
um ponto onde possa tomar a decisão de abrir cada canto de seu coração a Jesus
e dar-Lhe o controle completo sobre si. Esta não é uma opção. Esta é uma parte
essencial do verdadeiro cristianismo. A menos que, e até que façamos isso, não
iremos nos “mover espiritualmente” a lugar algum. Deus nunca fará algo dentro
de nós contra a nossa vontade. Consequentemente, qualquer resistência em
nós contra Sua autoridade, nos manterá distantes do progresso espiritual.
O crescimento espiritual não
pode acontecer em um crente resistente. Eu, pessoalmente, conheci alguém que
nasceu de novo, mas nunca realmente abriu seu coração para o controle e
inspeção de Deus. Por vinte longos anos, Deus chamava e esta pessoa rejeitava a
idéia de abertura completa ao Seu espírito. Então, miraculosamente, chegou o
dia em que Jesus começou a conquistar esta Sua criança. A resistência começou a
se desintegrar e uma nova abertura para o Senhor apareceu. Os portões se
abriram e os muros ruíram para ceder completamente ao Senhor Jesus Cristo. Que
mudança ocorreu! Que maravilhoso novo crescimento espiritual surgiu! Esta
completa, total e dócil entrega a Deus trouxe um capítulo inteiramente novo
para a vida deste indivíduo. Começou um progresso espiritual real. Aleluia!
Nunca é demasiado tarde para abrir realmente sua vida para Jesus, deixando-O
assumir o completo controle. Este é o começo do verdadeiro cristianismo.
Por falar nisto, se você não
está crescendo espiritualmente ou se está cercado, ano após ano, pelos mesmos
problemas, pecados e fraquezas, esta é a razão. Você ainda não abriu
completamente o seu ser para Deus. Você está secretamente resistindo e
recusando-se a permitir-Lhe acessar cada parte de seu coração e de sua vida.
Você não deseja que certos aspectos de sua natureza ou de seu passado sejam
expostos e tratados. A solução é fazê-lo honestamente, sinceramente, pela fé.
Faça de todo o seu ser um sacrifício vivo. Ele é capaz de salvar completamente
aqueles que vêm a Ele (Heb 7:25).
Jesus deve ser nossa
“cabeça”. As Escrituras ensinam que “nós temos a mente de Cristo” (1ª. Cor
2:16). Esta é uma doutrina magnífica. Infelizmente, para alguns não é mais do
que isso. Em sua existência, do dia a dia, suas mentes estão cheias de seus
próprios pensamentos, com talvez uma ocasional inserção da vontade de Deus no
processo. Entretanto, este ensino maravilhoso deve ser experimentado por nós.
Os crentes podem realmente experimentar o Espírito de Deus controlando sua
maneira de pensar. Seus pensamentos e opiniões podem se tornar os mesmos de
Deus através da entrega do controle de sua mente a Ele.
O verdadeiro cristianismo é
quando o próprio Jesus está no completo controle de nossas vidas. Qualquer
outra coisa só passa de imitação. O desejo de Deus de governar e reinar através
de nós só pode ser realizado quando estamos submissos à Sua autoridade. Seus
planos somente dar fruta em nós conforme entregamos cada área de nossa vida a
Ele.
COBERTURAS PARA AS CABEÇAS.
Em 1ª. Cor. capítulo 11
encontramos o que veio a ser um assunto controverso em círculos cristãos: a
cobertura das cabeças. Aqui Paulo está ensinando sobre o uso de véus, chapéus,
ou alguma forma de “cobertura” para as mulheres durante as reuniões na
igreja. Baseados em sua própria interpretação desta passagem, alguns
crêem que é essencial para as mulheres usar uma cobertura física em encontros
públicos. Outros pensam que os cabelos longos da mulheres são a “cobertura”
sobre a qual Paulo está falando. Outros ainda raciocinam que esta admoestação é
o resultado de uma cultura antiga e que não tem lugar em nossa sociedade hoje.
Estas e muitas outras opiniões resultaram em muitas disputas na Igreja de Deus.
Embora muitas pessoas tenham
variadas opiniões, eu creio que a maioria concordará com um ponto-chave.
Paulo está ensinando sobre a necessidade da mulher ter uma atitude de submissão
em relação ao marido ou, faltando o marido, em relação ao pai, ao líder, ou a
outro homem que exerça a autoridade.
A cobertura física, quer a
consideremos necessária ou não, é somente um símbolo de um atitude íntima de
coração. Seguramente todos concordam que, qualquer cobertura, seja cabelo ou
chapéu, que não seja acompanhada por uma atitude de submissão é simplesmente um
adorno, ou pior, uma hipocrisia. Então, o foco principal do ensinamento é
que “uma cobertura” é uma evidência externa de uma postura interna. É o sinal
ou símbolo de que a mulher decidiu submeter-se a um homem e de que este homem é
“a cabeça” dela. Ela está cobrindo sua própria cabeça, seja com cabelos, véus
ou simplesmente com uma atitude reverente, submissa, para significar que uma
outra “cabeça” é reconhecida como superior.
Com isto em mente, vamos
examinar juntos uma outra parte desta passagem. Paulo ensina que “a cabeça de
cada homem é Cristo” vs 3. Além disso, ele afirma que um homem orar ou
profetizar com a sua cabeça coberta desonra sua verdadeira cabeça. Quando um
homem usa “uma cobertura” ele desonra Jesus Cristo (v. 4). Embora não
seja uma coisa comum nos dias de hoje encontrar homens usando chapéus em
reuniões na Igreja, há, eu creio, uma lição profunda, mais séria, para ser
entendida nestes versículos.
Concluímos que a essência do
ensinamento sobre a cobertura para a cabeça é uma atitude de coração. É uma
decisão interior de colocar-se em posição de submissão ao homem. Entretanto, se
um homem se coloca nesta posição, ele está agindo como uma mulher. Ele está se
comportando de uma maneira que demonstra que ele escolheu um outro homem para
ser sua cabeça - Ele está escolhendo submeter-se a uma autoridade humana.
Esta posição, queridos irmãos, vai claramente contra as Escrituras. De acordo
com o ensino de Paulo, esta atividade desonra a Cristo. É um insulto a ele e à
Sua soberania sobre cada homem e sobre todos os homens.
Embora o uso de chapéus
masculinos na Igreja seja realmente incomum, a prática de estar em submissão a
um homem ou a um grupo de homens ou estar sob a “cobertura” de algum homem é,
na verdade, muito comum. É, de fato, algo em que uma parcela significante
das Igrejas cristãs insiste. Eles dizem que, se você não está “em submissão”,
você está fora da vontade de Deus. Se você não está “coberto” por algum outro
homem ou ministro, você deve ser um rebelde do pior tipo. Idéias como
“andar debaixo”, “sombrinha” e “procurando direção” são extremamente populares
na Igreja de hoje.
O pensamento que de algum
modo há uma certa segurança em adotar esta posição de submissão é
predominante. Enquanto tudo isso é correntemente tão popular e tenha
talvez uma aura de “estar certo”, vamos parar e pensar criticamente sobre isso
por um minuto. Se uma mulher usa uma cobertura, ela está afirmando publicamente
que está em submissão a um homem. Portanto, se um homem afirma publicamente que
está em submissão a outro homem, ele de fato está “usando” uma cobertura na
cabeça. Ele está tomando a posição de estar submisso a outro. Portanto, esteja
um objeto (véu) físico presente ou não, ele está assumindo uma atitude que
desonra sua verdadeira cabeça, Jesus Cristo. Certamente está óbvio que,
no caso da mulher, o adorno não está no centro do debate, mas sim de uma
atitude de coração. Assim também, no caso do homem, o verdadeiro ponto crucial
do ensinamento de Paulo não é sobre chapéus ou bonés, mas sobre a posição do
homem interior.
DESONRANDO CRISTO
Aqui a Escritura é bem clara.
Se um homem ora ou profetiza (significando que está agindo em reuniões na
Igreja) com sua cabeça coberta, está insultando Jesus. Está humilhando-se
diante de outro homem em vez de diante de Deus e crendo na direção e supervisão
desta outra pessoa. Este homem está indicando que Jesus não é suficiente. Sua
liderança e direção não são adequadas, por isso se deve procurar por um ser
humano para “cobertura”. Embora Jesus possa ser Seu cabeça de um modo místico e
distante, ele está escolhendo um ser humano “real”, tangível, ao qual ele possa
se submeter e a quem possa seguir. Se você fosse o Senhor do Universo e seus
filhos agissem deste modo, você não estaria sendo desonrado? A Bíblia
claramente diz que sim.
Porque isto é tão importante?
Há muitas razões bastante claras. A primeira é que Deus criou o homem para
preencher um plano maravilhoso. Se o homem deve ser o representante de Deus,
ele deve estar em contacto íntimo e comunicação diários com Ele. Quando uma
outra cabeça ou “cobertura” é colocada entre o cristão e Jesus, isto impede o
próprio fluir da autoridade. Nenhum homem pode transmitir adequadamente a outro
o que Deus quer dizer e diz. Já que todos os homens são finitos, também nossa
compreensão da vontade de Deus é limitada, Portanto, é impossível para um homem
ou um grupo de homens chegar perto de expressar a vontade de Deus para outro,
de uma maneira completa. Para um homem, colocar-se “debaixo” da autoridade de
outro homem, interrompe severamente o fluir da autoridade do Cabeça para a sua
vida e através dela.
Uma segunda razão para que os
homens de Deus não se coloquem “debaixo” de um outro é que não podemos manter
nossa atenção focalizada em duas direções ao mesmo tempo. Nenhum homem pode
servir a dois senhores. Deus projetou o homem de maneira tal que ele só
pode dar sua fidelidade a um superior de cada vez. Esta é uma verdade
inalterável. Quando nos voltamos para olhar o homem procurando direção,
automaticamente desviamos nossa atenção de Jesus. Fazendo isso, colocamo-nos debaixo
de uma maldição de Deus. Ele diz “Maldito é o homem que confia no homem, que
faz da carne o seu braço, apartando-se do Deus vivo” (Jer 17:5). Veja, confiar
no homem e separar-se de Deus estão inexoravelmente ligados. Não há maneira de
olharmos para um líder sem tirarmos os olhos de Nosso Senhor. Seria esta a
razão pela qual Jesus nos ensinou a não chamar homem algum de “Pai,” “Mestre”
ou “Líder” (Mat 23:8-10)?
Quando tentamos dividir nossa
atenção, a direção que é mais fácil, normalmente vence. Não há dúvida de que é
mais fácil seguir a um líder tangível, físico, humano, do que um Senhor
invisível. A tendência natural da natureza humana é querer alguém para
dirigi-la. Esta é exatamente a situação que Samuel encontrou entre os filhos de
Israel. Eles vieram a ele querendo um rei. Consequentemente, ele ficou muito
preocupado. Tentou em vão explicar-lhes o plano de Deus. O Altíssimo já era seu
rei. Não necessitavam de um rei humano. Embora seu líder fosse invisível, Ele
era muito real. Entretanto, Israel rejeitou o conselho de Samuel e exigiu um
líder para reinar sobre ele. Deus realizou seu desejo, mas esta não era a
Sua vontade. Do mesmo modo, Deus hoje tolera nossos sistemas terrenos e até
mesmo os usa para alcançar os Seus propósitos, mas não é o Seu desígnio.
UM EXERCÍCIO FÚTIL
Uma terceira razão pela qual
é errado colocarmo-nos “debaixo” de alguém que ajude nossa vida espiritual, é
que simplesmente não funciona. Ninguém, além do nosso Deus, vê claramente nas
profundezas de nossa alma. Os homens podem observar nossas ações exteriores e
nossas palavras. Algumas vezes até têm pequenas percepções do que nos vai no
coração. Mas apenas o Espírito do Senhor perscruta o que está escondido em
nosso íntimo. Portanto, na melhor das hipóteses, o discípulo de uma
pessoa só terá um tratamento superficial dos seus pensamentos e das intenções
de seu coração. É possível que a pessoa seja muito obediente aos desejos de
supervisores, mas tenha em seu coração áreas profundamente escondidas nas quais
está se rebelando fortemente contra o seu verdadeiro Dono.
Além disso, há um grande
perigo de tornar-se um fariseu. Sob a liderança de um ser humano, a aparência
exterior de uma pessoa pode talvez ser limpa ou controlada. Agradando seu
ancião, esta pessoa então imagina que fez progresso espiritual ou que está
crescendo no Senhor. Quando se torna muito obediente ao seu “discipulador”,
pode então supor que se tornou maduro e que está pronto para o serviço
espiritual. Mas se nós estamos submissos a outro homem, estamos realmente
mais submissos a Deus? Houve uma grande mudança em seu interior ou em seu
relacionamento com o Senhor? Se nós realmente não nos entregamos a Deus antes
de nos submetermos a um líder, como nossa atitude do fundo do coração pôde
realmente mudar?
Devemos nos lembrar que a
meta da autoridade espiritual é fazer as pessoas obedecerem a Deus e não aos
servos de Deus ou a um padrão superficial. Por outro lado, quando um crente é
verdadeiramente submisso a Deus, ele alegremente se submeterá a alguém que
esteja falando por Deus. Isto será especialmente verdadeiro para aqueles que
são conhecidos como canais da autoridade de Deus. Portanto, se podemos
ministrar aos cristãos uma profunda e genuína submissão ao Senhor, todos os
problemas de rebelião na Igreja podem ser resolvidos. Em vez de cobrir as
feridas com um curativo de atitudes e ações superficiais, o ministro espiritual
pode ajudar a expor e a eliminar a raiz do mal. Como a Igreja de Deus precisa
hoje de tal ministério! Como nós necessitamos nos tornar genuinamente submissos
a Deus!
Como crentes, nós temos a
responsabilidade de manejar corretamente a palavra da verdade (2º. Tim 2:15).
Há o tal problema da verdadeira submissão espiritual. Há também o erro de
submeter-se a homens em vez de Deus. Sim, eu me lembro dos versículos que
falam sobre aqueles que estão “acima” de nós no Senhor. Que terrível tradução
da palavra grega “proistemi” que significa “andar em frente: ou liderar” de
acordo com o dicionário Vine. Não tem nada a ver com dominação, controle ou estar
“sobre” no sentido comumente entendido. Através dos séculos os cristãos têm
sofrido muito por causa desta má tradução, que tem levado a conceitos errados.
Também, eu sei sobre o centurião, o homem “debaixo de autoridade” (Mat 8:9).
Ele reconheceu a autoridade sobrenatural de Jesus porque ele próprio tinha
autoridade terrena. Entretanto, ele certamente não estava ensinando sobre o
governo na Igreja, nem nós deveríamos compreender isto desta maneira.
Claro que devemos ser
respeitosos e submissos. É sobre isto que trata este artigo. Entretanto,
submissão errada não nos levará a lugar algum. Apenas a genuína submissão a
Deus funcionará. Que nós possamos procurar com oração a vontade de Deus e a Sua
direção para esta importante questão.
ABDICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Talvez a razão real pela qual
tantos aceitam a idéia de submeter-se a outro homem é que isto os alivia de
muita responsabilidade. Esta é a mesma razão pela qual os antigos israelitas
queriam um rei. Eles queriam alguém que lutasse suas batalhas, tomasse as
decisões importantes e lhes desse a direção. Deste modo, eles estavam livres
para ir em suas próprias buscas. Desembaraçados de responsabilidade
espiritual, podiam apenas reclinar-se e locomover-se sem esforço.
Agora, há um certo apelo
carnal nesta idéia. Confiar num líder respeitável e ser livres de
responsabilidade é o que muita gente deseja. Entretanto, fazer isto é renunciar
ao sacerdócio e reinado para os quais Deus nos criou. Adotando uma outra
“cabeça”, rejeitamos a verdadeira. Cada um de nós tem a responsabilidade diante
de Deus como reis e sacerdotes para procurar a Sua vontade, praticar
intercessão diariamente, manter um relacionamento com Ele e estar envolvido em
levar outros para o Seu reino. Que tentação é deixar que outros façam o trabalho
duro! Como é fácil apenas confiar nas habilidades de um outro! Mas Deus está
pedindo mais do que isto. Cada homem precisa vestir as vestes sacerdotais e
suportar a responsabilidades reais para seu próprio lar, o de amigos ou de
irmãos no Senhor.
Irmão, é vontade de Deus que
você reine com Ele! Não troque este privilégio para o modo mais amplo e
fácil. Não deixe homem algum tomar a sua coroa (Apocalipse 3:11)!
6. A CABEÇA DO CORPO
Jesus Cristo é a cabeça de
Sua igreja. Ele é Aquele que foi apontado pelo Pai para desempenhar esta
importante função. Ele foi escolhido e ungido para Ter a primazia sobre todas
as atividades de Seu povo. Este é um ensino extremamente claro das
Escrituras. Colossenses 1:18 afirma isto claramente “E Ele é a cabeça do
corpo, a igreja.” Efésios 1:22 explica que Deus o Pai “O deu (Jesus Cristo)
para ser cabeça sobre todas as coisas para a igreja.” O Apóstolo Paulo mais
adiante enfatiza isto em Efésios 4:15 afirmando que Jesus é “o cabeça, Cristo
mesmo”. Este fato tremendo não é um ensinamento obscuro ou irrelevante.
Entretanto, ainda que a
mensagem seja incontestável, o significado dela freqüentemente não é bem
compreendido. Que possível aplicação prática tem esta verdade para nossas vidas
diariamente? Talvez a compreensão comum seja a de que Jesus funcione hoje
em Sua soberania como um dirigente máximo de uma grande corporação.
Provavelmente Ele está em algum lugar nos bastidores tomando decisões
executivas de alto nível, realizando conferências de tempos em tempos com os
grandes e importantes líderes e orquestrando o completo desempenho à distância.
Não há dúvida que o “trabalhador” comum O verá nas paredes das salas
ocasionalmente ou mesmo num encontro de toda a corporação; mas, em geral, Seu
trabalho é feito em um nível mais alto o qual impacta as vidas diárias daqueles
dos mais baixos escalões apenas indiretamente. Esta concepção se baseia talvez
no fato de que Jesus ascendeu ao céu. Ele está, na verdade, “acima de todas as
coisas.” (Efésios 4:10). Acrescentando à noção que “a cabeça” é algo de
certa forma remota, está o fato de que Ele é invisível. Ele não é percebido ou
compreendido pelo homem natural. Estas coisas podem levar muitos à seguinte
conclusão:
Jesus veio à Terra, morreu
pelos nossos pecados e então subiu para estar sentado com o Pai. Agora o nosso
trabalho é seguir as instruções que Ele nos deixou na Bíblia até que Ele decida
voltar e nos recompensar por nossos trabalhos.
Esta suposição leva as
pessoas a uma posição que é, talvez, a maior deficiência na igreja hoje. Muito
poucos crentes conhecem e experimentam a liderança de Deus em suas vidas.
Muitos cristãos têm pouca dificuldade em se relacionar com um Salvador,
Redentor, Ajudador ou Consolador de uma maneira íntima, pessoal. Estas são as
funções de Jesus Cristo a quem o coração humano pode responder
prontamente. Talvez um pouco mais difícil seja o conceito de uma relação
íntima com um “Senhor” ou um “Rei” que demanda obediência. Até mesmo removida é
a idéia de uma “cabeça” que afeta diretamente não apenas nossos atos, mas
também nossas atitudes, pensamentos e sentimentos. Entretanto, se estamos
para tomar posse de tudo o que Deus tem para as nossas vidas e nos tornar
agradáveis à Sua vista, este íntimo relacionamento de liderança com Ele é essencial.
Talvez o melhor meio de
compreender o verdadeiro significado deste relacionamento é olhar para o que
significa ser o Seu corpo. Nós, povo de Deus, somos o “corpo de Cristo.” Ef
1:23 A igreja como um todo é “o corpo” e Jesus é “a cabeça”. Os indivíduos então
são vistos como “membros” deste corpo. Ef 5:30 Deus escolheu explicar-nos as
coisas deste jeito porque é uma analogia extremamente acurada. Em um corpo
humano todas as partes são controladas pelo cérebro. Nenhum músculo ou órgão
funciona por si próprio, de acordo com sua própria vontade. Nem a cabeça pede
opiniões ou idéias às outras partes. O todo trabalha harmoniosamente apenas
quando cada parte está em comunhão íntima e em obediência ao cérebro. Desta
maneira, o corpo serve para ser uma expressão do desejo da cabeça. Os vários
músculos e partes do corpo, incluindo a boca e os olhos, respondem à direção do
cérebro e formam a expressão daquilo que a cabeça tem em mente.
Isto é exatamente o que a
Bíblia quer dizer quando afirma que nós somos Seu corpo e que Ele é a
cabeça. Cada um de nós é um membro deste corpo com algum tipo de função
para executar. Quando nós fazemos isso de acordo com os impulsos momentâneos da
Cabeça, somos então uma expressão Dele. O corpo de Cristo não é um autômato,
simplesmente seguindo instruções escritas. É um organismo vivo, manifestando a
vida dentro dele. É um erro extremamente sério supor que podemos realizar a
nossa parte por nós mesmos. Como podemos nós expressar a vida de Jesus agindo
independentemente ou simplesmente tentando seguir uma lista de
instruções. Não é possível. Nossa parte é permitir a Jesus que controle
todo o nosso ser de maneira que, quando agimos, ou mesmo quando reagimos, seja
a Sua vida e natureza que sejam manifestas.
Esta verdade espiritual de
sermos o corpo de Cristo só pode ser experimentada mantendo-se uma intimidade
com a Cabeça. Embora seja verdade que todos os cristãos são membros do corpo de
Cristo, esta verdade não nos fará bem algum, a menos que experimentemos, dia a
dia, sua realidade. Em um ser humano, quando a cabeça perde o controle sobre
seus próprios membros e eles começas começam a agir independentemente, nós
identificamos o corpo como espasmódico. Ele começa a se comportar de modo
desgovernado, descoordenado, que é assustador e mesmo horrendo. Quando o corpo
de uma pessoa responde imperfeitamente às ordens da cabeça, a pessoa é chamada
aleijada. Quão freqüentemente o corpo de Cristo aparece deste modo?
Nós podemos imaginar alguém
que está confinado a um pulmão de ferro ou que está completamente
paralisado. Os tecidos e órgãos compreendem o que é chamado o “corpo” da
pessoa. Entretanto, ele cessou de responder à direção de sua cabeça e,
portanto, não é mais uma expressão de si mesmo. Será possível que o corpo de
Cristo, embora seja Dele por causa do derramar de seu próprio sangue, não
esteja verdadeiramente respondendo à sua direção e, portanto, não exibindo Sua
vida e natureza ao mundo?
Queridos irmãos e irmãs, há
sérias considerações a fazer. Talvez tenhamos suposto que podemos agir por Deus
e isso será o bastante. Mas Deus não nos quer agindo em lugar Dele. Ao
contrário, Ele deseja grandemente agir através de nós. Seu desejo para nós é
que nos submetamos a Ele de uma maneira tal que ele tenha o controle sobre todo
o nosso ser e possa nos usar como vasos para Se manifestar. Somente deste modo
nós podemos experimentar o que realmente significa ser Seu corpo.
O que está em debate aqui não é “quem é o corpo de Cristo”. Todos os cristãos são, certamente, parte deste grupo. O “xis” da questão é “quem” está estimulando este corpo. Quem está no controle? Que vida e natureza estão emanando de cada membro? Talvez nós, como cristãos, nos confortemos com o fato de que nos tornamos membros de Cristo. Estamos seguros em nossa membresia e acreditamos que isto é o suficiente. Entretanto, agora nós vemos que este fato não é suficiente para completar a vontade de Deus e satisfazer Seus desejos. Não há dúvida de que Ele pretende que Seu corpo seja uma expressão Dele mesmo. Nós devemos ser Suas testemunhas não simplesmente dizendo coisas sobre Ele, mas verdadeiramente expressando-O. Deus nos chamou e nos redimiu para que formemos um conjunta manifestação de tudo o que Ele é. Sua vida e natureza, que eram tão clara e poderosamente retratados em Sua pessoa quando Jesus andava pela Terra, devem agora ser mostrados através daqueles a quem Ele chama Seu corpo.
O que está em debate aqui não é “quem é o corpo de Cristo”. Todos os cristãos são, certamente, parte deste grupo. O “xis” da questão é “quem” está estimulando este corpo. Quem está no controle? Que vida e natureza estão emanando de cada membro? Talvez nós, como cristãos, nos confortemos com o fato de que nos tornamos membros de Cristo. Estamos seguros em nossa membresia e acreditamos que isto é o suficiente. Entretanto, agora nós vemos que este fato não é suficiente para completar a vontade de Deus e satisfazer Seus desejos. Não há dúvida de que Ele pretende que Seu corpo seja uma expressão Dele mesmo. Nós devemos ser Suas testemunhas não simplesmente dizendo coisas sobre Ele, mas verdadeiramente expressando-O. Deus nos chamou e nos redimiu para que formemos um conjunta manifestação de tudo o que Ele é. Sua vida e natureza, que eram tão clara e poderosamente retratados em Sua pessoa quando Jesus andava pela Terra, devem agora ser mostrados através daqueles a quem Ele chama Seu corpo.
O desejo de Deus é
manifestar-se ao mundo. Ele deseja ardentemente que todos os homens possam
vê-Lo e conhecê-Lo. Esta responsabilidade foi colocada sobre aqueles que
compõem Seu corpo. Isto nunca pode acontecer por nossos próprios esforços. Nós
não podemos tentar imitar Deus e supor que isto será o suficiente para
convencer o mundo do pecado. A única possibilidade é que nós nos submetamos à
Sua liderança de modo a sermos inundados com Sua vida e animados por Sua
direção. Quando Ele está vivendo através de nós, somos uma exibição Dele.
Quando estamos simplesmente tentando viver por Ele, nós, inevitavelmente só
podemos expressar nosso próprio conceito de como Ele é. Verdadeira justiça,
paz, alegria, vitória sobre o pecado e todas as coisas que compreendem uma real
manifestação da natureza de Deus só são possíveis quando Ele é nossa cabeça.
Como precisamos desta
experiência hoje! Quão essencial é que a liderança de Cristo seja muito mais do
que alguma doutrina antiga para nós. Precisamos experimentar a realidade desta
liderança para sermos agradáveis a Deus. Nosso Pai Celeste é, em alguns
aspectos, uma pessoa muito minuciosa. Há apenas uma coisa no Universo que
verdadeiramente o agrada: Seu Filho. Quando Ele vê Seu Filho manifestado
através de nós, Ele se agrada grandemente. Nada menos que isso irá
satisfazê-Lo. Se nós dizemos que somos Dele e que queremos fazer Sua vontade,
esse é o caminho: permitir que Seu Filho Jesus Cristo domine nossa
personalidade e seja nossa cabeça. Quando Ele é Aquele que inicia nossas
palavras atitudes e atividades, então, e tão somente então, nós agradaremos ao
Pai.
Nas Escrituras nós
encontramos a frase “a mente de Cristo” (1ª Cor 2:16). Isto é algo que a Bíblia
diz que nós temos. Infelizmente, para muitos, isto é nada mais que um ensino
agradável que não tem um impacto real ou influência em sua vida. Não é parte de
sua experiência diária. Possivelmente suas mentes são, ao contrário, dominadas
por suas próprias idéias, pensamentos e opiniões.
Há também nas Escrituras algo
chamado de “renovação da mente” (Rom 12:2). Aqui nós lemos que podemos ser
transformados por este processo e que o resultado será algo que é “aquele bom e
aceitável e perfeito desejo de Deus”. Que excitante! Aqui está um modo de ser
transformado para que possamos estar agradando a Deus. E como isto
acontece? É simplesmente permitindo que o Espírito Santo de Deus domine nosso
processo cerebral. Nós podemos experimentar Jesus como nossa Cabeça. Isto
é exatamente o que as Escrituras dizem quando falam sobre ser “renovados no
espírito de (nossa) mente (Ef 4:23). Isto fala do Espírito Santo preenchendo,
transformando e então usando nossas mentes para expressá-Lo em toda a Sua
plenitude. Esta é verdadeiramente uma salvação maravilhosa.
Como você pode ver,
experimentar Jesus como nossa cabeça é muito mais do que obedecer às Suas
direções ocasionais ou a algum mandamento das Escrituras. Em vez disso, é
submeter nosso ser inteiro ao Seu controle. Quando Jesus domina nossa mente,
Ele nos controla inteiramente. Através deste processo de transformação, nós,
individualmente e corporativamente, nos tornaremos uma expressão viva Dele – Seu
corpo.
CABEÇA DO CORPO
Jesus não apenas pretende ser
a cabeça de cada membro individualmente, mas Ele também é a cabeça da igreja
como um todo. Então, o que isto significa? Isto significa que, quando nos
reunimos em Seu nome, não estamos livres simplesmente para fazer nossas
próprias coisas. De novo, Ele não está ansioso para nos observar executando
rituais religiosos para Ele. Sua intenção é ser o líder de tudo o que fazemos.
Para que a Igreja, Seu corpo, seja uma expressão Dele mesmo. Ele deve
estar no comando. Pense nisto por um momento. Se nós não seguimos a
liderança momento a momento do Santo Espírito em nossas reuniões, nós não
estamos expressando Jesus Cristo. Se apenas ocasionalmente nós Lhe abrimos
espaço para se mover como Ele deseja, então nós O estamos manifestando de uma
maneira muito limitada. Isto então nos leva de volta à nossa analogia de um
deficiente, espasmódico ou paralítico. Embora nós sejamos a igreja de
Deus em um sentido de ocupação de cargos, nossa experiência deste fato
freqüentemente deixa a desejar. Embora nunca deixemos de ser Seu corpo, a
verdadeira igreja que Jesus está procurando nunca poderá ser realizada enquanto
Ele tiver somente uma pequena influência sobre ela.
O próprio Jesus explicou esta
verdade à mulher samaritana que Ele encontrou no poço de Jacó. Ela estava
indagando sobre o lugar apropriado para adoração. Naturalmente ela estava
curiosa para resolver o velho dilema sobre qual seria o local correto. Tantas
vezes hoje em dia nós também nos preocupamos sobre qual formato é mais adequado
às Escrituras, que método é o melhor ou que dia foi o escolhido pelo Senhor.
Confiantemente você pode ver
como nenhum destes tem alguma importância para completar a vontade do Pai.
Jesus responde a ela dizendo que a verdadeira adoração só pode ocorrer no
Espírito. Isto significa que é apenas quando o Espírito de Deus está fluindo e
dirigindo nosso louvor que o Pai está satisfeito. Como precisamos experimentar
tal adoração hoje! Como nosso Pai Celestial está desejoso de que nós cumpramos
a Sua vontade!
Como então devemos nos
reunir? Esta é uma questão que deve ser decidida ouvindo a direção do Espírito
Santo. Como, quando e onde são questões que Ele responde se estamos
preparados para ouvi-Lo. Primeiro de tudo, entretanto, nós precisamos
esvaziar-nos de nossas próprias idéias e opiniões. Precisamos libertar-nos de
tradições e práticas religiosas. Simplesmente copiando o que outros têm feito
por séculos, não nos capacita a chegar ao melhor de Deus. Na verdade, fazer
isto nos garantirá que não chegaremos. Por que é que confiamos tão pouco em
Deus para liderar e dirigir-nos nesta coisas tão simples e práticas? Como é que
Aquele que mantém o Universo unido pelo Seu poder pode ser incapaz de dirigir
Seu povo em suas reuniões? Precisamos nos humilhar diante de Deus e abrir
nossos corações a Ele. Precisamos nos arrepender de fazermos nossa própria
vontade, achando que isto irá satisfazê-Lo. Ele pode construir Sua igreja e vai
fazê-lo se apenas O deixarmos ser o cabeça de tudo.
Sem dúvida, o Senhor nos
guiará falando através daqueles que são íntimos com Ele. Se verdadeiramente
tivermos ouvidos para ouvir Sua voz, Ele nos guiará em cada passo prático. O
uso de Seu dinheiro, por ex, é uma maneira pela qual Ele nos guia referente a
um lugar para reunião. O tamanho do espaço físico é uma outra consideração.
Será que Ele nos levou a arrumar algo especial para as crianças? Será que Ele
mesmo instituiu um coral? Que tal sobre a arrumação das cadeiras? Será que
ouvimos Dele? Talvez você pense que estas coisas são insignificantes demais para
requerer Sua atenção. Absolutamente não! A Bíblia diz que em todas as coisas
Ele deve ter primazia (Col 1:18). Além disso, devemos sempre estar prontos,
como estavam os Filhos de Israel no deserto, para mudar qualquer coisa a
qualquer hora. Conforme o corpo cresce ou outras considerações surgem, Jesus
pode e irá nos dirigir diariamente nestes detalhes. Deste modo, começamos a
providenciar para Ele um lugar onde Ele possa fazer Seu trabalho.
ENCONTROS DIRIGIDOS PELO ESPIRITO
Uma vez que ouvimos de Deus a
respeito de questões práticas sobre como e onde devemos nos encontrar,
costumamos determinar exatamente o que acontecerá durante a reunião. Isso
também deve ser deixado aberto à direção do Espírito Santo. Na Bíblia lemos
que, quando nos reunimos, um deve ter canções, hinos, línguas ou interpretação
(1ª Cor 14:26). Também lemos que todos podem profetizar de acordo com a direção
do Espírito ( 1ª Cor 14:31). Quando estamos reunidos, o próprio Jesus está no
nosso meio. Ele vem, não como um observador, mas como um líder. Ele pode
motivar ( e o faz) cada membro do corpo a contribuir com sua porção Dele em uma
maneira ordenada e coerente. Já que cada membro esteve em contato íntimo com
Jesus durante a semana, muitos deles terão algo recente para compartilhar de seu
companheirismo com Ele. Toda esta atividade é dirigida pelo Espírito Santo e
supervisionada por aqueles que são canais de autoridade espiritual por causa de
sua intimidade com Deus. Não é um tipo de liberdade fora de qualquer controle
mas uma exibição do corpo de Cristo orquestrada pelo Espírito Santo.
Desta forma Cristo pode ser
manifesto em Seu corpo. Deste modo, “cada junta” suprirá os outros com
Sua porção (Ef 4:16). Assim, todos crescerão juntos, como Deus quer que
cresçam. O ensino, a pregação e a exortação certamente têm lugar em um encontro
dirigido pelo Espírito. De fato, Deus nos pode levar a agendar encontros
especiais apenas com estes propósitos. Tempo para oração, ministração especial
aos novos convertidos, sessões de ensino intensivo, campanhas evangelísticas – todas
estas coisas podem ser conseguidas pelo nossa cabeça se estivermos atentos e
abertos para Ele. Deus é capaz de dirigir o Seu povo. Ele é capaz de
edificar Sua igreja. Apenas precisamos esvaziar nossas mãos de nossos próprios planos
e programas e nos humilharmos diante Dele. Jesus é capaz de nos dar nossa
experiência de igreja com Ele mesmo.
Quão freqüentemente nós temos
colocado nossa próprias idéias, intenções de trabalho e desejos no lugar da
verdadeira liderança! Suponha, por ex, que notamos uma necessidade entre os
jovens. Geralmente nosso primeiro pensamento é encontrar algum tipo de programa
para eles e então escolher alguém para levá-los. Este método, entretanto, nunca
alcançará uma verdadeira meta espiritual. O que aconteceria se, em vez disso,
nós passássemos algum tempo em oração abrindo-nos para Deus e procurando Sua
solução? Talvez Ele levantasse alguém com um dom especial e unção para
ministrar a estes jovens.
Então, em vez de um programa,
teríamos uma ministração espiritual operando na igreja. Teríamos alguém com uma
verdadeira unção e responsabilidade para ocupar este ministério. Isto é realmente
o que necessitamos. Não precisamos mais de entretenimento, programas e grupos
de apoio na assembléia. Nós precisamos da presença do Santo Espírito!
Precisamos do próprio Deus! Se então O procuramos de todo o nosso coração,
encontraremos um novo e vivo tipo de experiência de igreja que satisfará
profundamente não apenas as nossas expectativas, mas também as de Deus.
RESERVADO PARA A CABEÇA
Conforme você pode, sem
dúvida, perceber pela presente discussão, toda a autoridade na igreja está
reservada para a Cabeça. Não há lugar para nenhuma outra. Qualquer outra
autoridade irá simplesmente substituir ou tomar o lugar do fluir da autoridade
de Jesus. A menos que a “liderança” na igreja seja simplesmente uma
manifestação da própria autoridade de Deus, ela impedirá ao invés de ajudar o
processo. Queridos amigos, esta é uma consideração muito séria. O
corpo de Jesus é Dele! Nós não somos livres para construirmos algum tipo de
imitação. Nós simplesmente não podemos estabelecer nenhum outro tipo de
autoridade em nossos encontros, além daquele que o Pai já instituiu. Nós
precisamos permitir que Jesus seja a nossa Cabeça. Somente desta maneira
poderemos experimentar a realidade da igreja e satisfazer os requisitos de
Deus. Somente deste modo pode o corpo crescer e ministrar a si mesmo conforme
Deus designou.
Talvez agora o leitor possa
mais facilmente compreender a grande necessidade de genuína autoridade
espiritual na igreja de hoje. Também torna-se mais claro que a autoridade
meramente humana nunca poderá atingir os objetivos de Deus. É apenas quando a
cabeça está estimulando o Seu corpo que Sua vida e Sua natureza são expressos.
Quando um outro alguém está no controle, não importa o quão bem intencionado
ele esteja, o resultado nunca será uma expressão de Deus. Então este é o
princípio inalterável da liderança. No corpo de Cristo não pode haver nenhuma
outra autoridade, nenhuma outra cabeça. Quando colocamos um outro alguém nesta
posição, contaminamos a expressão de Jesus, introduzindo um elemento estranho
na igreja de Deus. Interessante que um dos significados do prefixo “anti” em
grego é “em vez de” ou “no lugar de”. Isto então nos leva a uma nova
compreensão da palavra “anticristo”. Talvez tenhamos sempre pensado no
anticristo como alguém que é contra Cristo ou que é oposto a Ele. Aqui,
entretanto, vemos que simplesmente tomar Seu lugar como verdadeira autoridade e
Cabeça também significa ser “anticristo”.
Então, nas reuniões da
igreja, o lugar dos líderes poderia ser melhor compreendido como um tipo de
supervisor. Aqueles que são maduros e íntimos de Deus supervisionam os
procedimentos. De fato, a Bíblia usa a palavra “supervisores” para indicar esta
função. Aqueles que são menos maduros são livres para exercer seus dons e
habilidades porque há membros qualificados que podem gentilmente corrigir
qualquer problema. A verdadeira liderança espiritual pode ser exercida de um modo
muito discreto. Uma simples palavra ou oração na hora apropriada, falada pela
direção do Espírito Santo, pode trazer o encontro de volta de algum desvio que
possa ter ocorrido. Aqueles que desejavam dominar a reunião com suas idéias e
opiniões podem ser cuidadosamente admoestados. Os líderes estão presentes, não
para controlar ou usar as reuniões como um tribunal para seus próprios
ministérios, mas para servir ao corpo, cuidando para que tudo seja feito de
acordo com a direção do Cabeça.
Naturalmente, nenhuma reunião
será perfeita. Haverá sempre alguém orando ou testificando de seu próprio
coração. Um líder que tenha sido verdadeiramente quebrantado pelo Espírito
Santo saberá de Deus quando é necessário dizer ou fazer alguma coisa ou quando
o Senhor vai simplesmente permitir que uma imperfeição não seja corrigida.
Todos nós temos imperfeições em nossas vidas e somente Deus sabe a hora e o
lugar para que estas deficiências sejam tratadas. Sabedoria verdadeira é o
resultado da experiência e maturidade. Talvez seja por isso que as
Escrituras usem a palavra “anciãos” para descrever tais pessoas. Notem que
Paulo exorta que nenhum novato deveria exercer esta função (1ª Tim 3:6). Há uma
grande necessidade de paciência, clemência e amor para ser forjado o caráter de
alguém que é canal para a autoridade divina. Se o caráter de Deus não é
mostrado naqueles que estão liderando a manifestação de Deus será contaminada
por personalidades naturais.
A liderança na igreja é uma
responsabilidade terrível. Não é algo que alguém deva tentar tomar sobre si
mesmo. Há uma grande tentação para os homens jovens, possuidores de dons
imaginar que eles estão qualificados para liderar a igreja. Eles ouvem de Deus.
São ungidos por Ele e, portanto, supõem que estão aptos a serem líderes! Entretanto,
nada pode substituir o quebrantamento e anos de experiência sob a mão de Deus.
Aqueles que são “líderes” serão julgados por Deus pelo seu trabalho, como
qualquer um de nós será. Se nós tomamos sobre nós mesmos o manto da autoridade
e dirigimos a igreja de Deus de acordo com a iniciativa de nosso próprio
coração, seremos mostrados como tolos na frente de todos e vistos como
irresponsáveis perante o Juiz de todas as coisas.
Uma outra consideração
importante aqui é que aqueles que são canais da autoridade de Deus e funcionam
como “supervisores” devem ter um relacionamento íntimo com o outro. Eles devem
estar ligados pelo espírito por Deus. Isto requer da parte destes indivíduos um
desejo de abrir seus corações um para o outro para ter um tipo de transparência
divina. Eles devem ter uma unidade que a Bíblia descreve como “um coração e uma
mente” (Atos 4:32). Deste modo, eles podem agir juntos como se fossem um, ao
exercer a autoridade divina. Se houver qualquer desunião ou desacordo entre os
líderes, será um desastre para o rebanho. Se os que estão na liderança não
podem ou não querem agir em harmonia um com o outro no Senhor, resultará num
fracasso e o testemunho de Jesus será perdido. É impossível preservar a
autoridade do Espírito Santo quando há desconfiança, desarmonia e discussão
entre os líderes.
Isto então é essencial para
se começar a pensar quando se quer reunir. Pelo menos dois ou três homens que o
Senhor preparou e escolheu devem estar juntos em acordo sobre estes assuntos. É
absolutamente imperativo que seja estabelecido como um ponto de partida para
este tipo de união entre os líderes. Se isto não acontece, o resultado só pode
ser de confusão. Muitos outros tentarão penetrar e assumir responsabilidade.
“Autoridade” de qualquer direção, menos de Deus, será manifestada. E a
liderança, em uma condição enfraquecida e dividida não será capaz de lidar com
isto acordo com a direção de Deus. Durante muitos anos eu tenho visto muitos
grupos nestas condições. Eles escorregam para dentro e para fora da vontade de
Deus. A cada semana é uma aposta se o encontro vai estar cheio da presença do
Senhor ou não. O que precisamos desesperadamente hoje não é “ausência de
liderança” mas verdadeira supervisão espiritual daqueles que são preparados por
Deus. Somente a liderança plural (mais do que uma), unida, espiritual,
resultará em um encontro cristão com a manifestação do próprio Deus.
Porque é que hoje o
Cristianismo parece tão fraco? Porque as vidas de tantos crentes ainda
estão cheias de escravidão e pecado? Porque é que nós estamos tendo tão pouco
efeito sobre o mundo em volta de nós? A igreja primitiva em 30 ou 40 anos
“virou o mundo de cabeça para baixo”. (Atos 17:6.) Por outro lado, em nossas
dias, com todo o dinheiro e material à nossa disposição, comparativamente,
pouco está sendo feito. Ora, eu não estou dizendo que não há muita
atividade. Certamente que há. Entretanto, o impacto desta atividade
parece estranhamente menor que o de dois mil anos atrás. Deus mudou?
Absolutamente não! Porém, se formos honestos conosco, devemos admitir que algo
parece estar diferente. Talvez seja válido pararmos e considerarmos se há uma
parte do plano de Deus que nós perdemos, o qual poderia estar impedindo Seu
poder e Sua vontade.
UM TEMPLO VIVO
A Bíblia nos ensina que nós,
individualmente, e também a igreja, corporativamente, somos o Templo de Deus. O
próprio Deus, somos ensinados, mora ali. Agora, o que poderia ser mais
poderoso ou eficaz que a presença do Todo-Poderoso? O que poderia transformar
vidas mais do que um encontro face a face com o próprio Jesus? Mas, vamos por
um momento, sermos completamente honestos conosco. Deus realmente mora entre
nós? É a palpável presença do próprio Senhor a principal característica de
nossas reuniões? É a terrível majestade e glória de Deus a principal atração
para nós e para os outros? Ele reside permanentemente em nós ou é simplesmente
um visitante ocasional? Verdadeiramente agora, esta “doutrina do templo” é
nossa experiência diária ou apenas mais um desses agradáveis ensinamentos
bíblicos que parecem grandes mas têm muito pouco lugar em nosso dia a dia.
Eu creio que a grande
necessidade de nossos dias é que a cabeça, Jesus Cristo, seja restabelecido em
seu legítimo lugar em Seu corpo. Por um tempo longo demais Protestantes e Católicos
têm substituído a verdadeira liderança do Santo Espírito por fórmulas e formas,
ritos e cerimônias. Nós temos colocado simples homens no lugar de Deus, supondo
que isso possa produzir os resultados que Ele busca e que nós necessitamos tão
desesperadamente. Como nós necessitamos de um grande arrependimento! Como
precisamos retornar de nossos próprios caminhos e nos humilharmos! Como
precisamos admitir que temos estado parados no caminho de Deus e culpando–O
pela falta de resultados que nós almejamos para nossa própria glória e prazer.
Vamos ser aqueles que
anunciam o Rei. Vamos estar entre aqueles que são os primeiros a se submeterem
a Ele como nossa verdadeira cabeça e permitir-Lhe manifestar-se entre nós. Como
precisamos satisfazer Sua vontade para que Ele possa ser tudo em todos.
Jesus é a Cabeça. Ele é Aquele que pode dirigir e preencher Seu corpo se Lhe
dermos oportunidade. Nossa experiência de igreja, a qual, se formos honestos
conosco, tem até agora sido fraca e, na melhor das hipóteses apenas
parcialmente eficaz, pode ser transformada em um poderosa manifestação da
presença de Deus. Tudo o que precisamos fazer é nos submetermos a Ele. Nós
temos apenas que nos esvaziarmos daquilo que tem estado substituindo Sua
liderança e permitir a Ele que nos dirija em todas as coisas. Deste modo, o
próprio Deus estará conosco. Sua presença impregnará nossas reuniões e nossas
vidas diárias. Sua glória encherá Seu templo. Está claro que Deus não habitará
um templo feito por mãos humanas (Atos 7:48). Se o que temos feito é um produto
de nosso próprio esforço, Deus nunca o abençoará. Por outro lado, quando
humildemente cooperamos com Ele na construção de Sua igreja, Ele a encherá com
Sua presença, Seu poder, Sua glória e majestade podem ser nossa experiência diária.
F I M
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